segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Guerra das Sombras - O Livro de Dinaer

A Guerra das Sombras
Livro de Dinaer

Autor: Jorge Tavares
Editora: Novo Século
Páginas: 424
Ano: 2006

Sinopse:  Rairom é filho do regente de uma das províncias do Império das Sombras. O Império é comandado pelo ambicioso e belicoso Fairon, que sonha em transformar o Império num estado totalitário e conquistador, mas vê seus planos frustrado por Zairon, que o impede de mobilizar as tropas, valendo-se de sua influência junto às outra províncias. Um equilibrio de forças se estabelece, mantendo o Império numa federação, com relativa indepência às províncias. Este equilibrio é quebrado por um guerra interna. Rairom cedo perceberá que além dos homens outras forças estão atuando, no qual a guerra é na realidade um imenso jogo.

Escrever literatura fantástica épica é um grande desafio, principalmente tendo como balizador O Senhor dos Anéis, de J.R. Tolkien.

Primeiro livro de uma tetralogia, A Guerra das Sombras Livro de Dinaer causa uma impressão favorável, animando até o leitor mais exigente a procurar os outros livros. O desafio de um autor deste tipo de literatura a transcender a simples aventura e colocar o leitor num nível que atinge seu inconsciente mais profundo, resgatando o inconsciente coletivo da humanidade, como um criador de mitos clássicos.

Este desafio parece ter sido vencido por Jorge Tavares, ao criar uma aventura épica, em que não faltam batalhas entre defensores de uma linha política progressista contra um império totalitário e personalista. Só de escrever isto sem parecer estar fazendo uma colagem de Senhor dos Anéis com a Távola Redonda já é um grande mérito.

Mas isso só não basta. E realmente há mais. A aparente luta entre homens é só um pano de fundo para uma guerra muito maior, de natureza cósmica e sobrenatural, onde os homens são mero joguetes nas mãos de deuses, onde a noção de bem e mal segue critérios próprios e diversos daquilo que os personagens e os leitores chamam de "moral" ou "ética".

O autor nos brinda com algumas surpresas, uma delas causando um forte estranhamento ao se mudar a narrativa de terceira pessoa para primeria pessoa. Isso ocorre mais ou menos na metade do livro, quando temos um vislumbre de quem está realmente narrando a saga de Rairom Guenor, o jovem mago que tem em suas mãos o destino de toda a humanidade e o seu irmão Tairom, que aos treze anos por um capricho do destino tem que assumir o trono o momento de maior crise do reino onde vive.


A Guerra das Sombras – Livro de Ariela

Autor: Jorge Tavares
Editora: Novo Século
Páginas: 350
Ano: 2007

Sinopse: Doze anos após os acontecimentos narrados em A Guerra das Sombras – Livro de Dinaer, a saga de Rairom, longe de ter terminado, ainda terá muitos desdobramentos. Quem narra a história desta vez é a jovem Ariela, princesa de Delón, povo a quem foi confiada a missão de impedir que o Aloriam, mensageiro do caos, atinja seu objetivo de destruir a ordem e com ela o mundo como o conhecemos. Logo ela descobre que o jovem mago Rairom, a quem ajudou, é o Aloriam que tanto odeia. Decide então acompanhá-lo numa longa viagem através da Península Oreânica, enquanto o Império das Sombras, liderado pelo sanguinário Larcan, em sua louca sede de conquistas, destrói tudo em seu caminho.


Jorge Tavares, ao retomar a narração de A Guerra das Sombras, muda o narrador, que no primeiro volume é o proprio Dinaer, um ser onisciente e com poderes grandes suficientes para mudar o rumo dos acontecimentos, para jovem Ariela, mergulhada no olho do furacão de acontecimentos em que apenas tem uma visão parcial e limitada.

Ainda que a moça seja uma maga de poderes muito grandes e faça parte de uma cultura que tradicionalmente espera pela vinda do Aloiram para lhe dar combate, ela é, como todos os seres humanos envolvidos, apenas um instrumento nas mãos de forças que não consegue compreender totalmente. Sua narrativa então é contaminada por seus preconceitos, por sua ignorância e por seus sentimentos, que longe de empobrecer a história, a enriquece.


Rairom, mesmo com todo o poder a ele conferido, também é manipulado e dirigido por forças que ele apenas pode vislumbrar. Disposto primeiro a rejeitar Dinaer e a missão de Aloiram, o que lhe provocou uma doença, decide ir de encontro ao poder certo de que conseguiria libertar-se de seu pesado fardo.


Muitas reviravoltas tanto no mundo meramente humano, onde há uma guerra em curso, como no mundo espiritual onde duas forças igualmente titânicas – a Luz e o Caos – estão em choque permanente. Uma coisa que os personagens e o leitor engajado na trama irão perceber é que não basta apenas escolher um lado e defendê-lo. A resposta está muito além disso.

O climax do livro é a Batalha de Algar, muito bem contada, digna de um romance épico, com lances dramáticos, típicos de uma batalha arturiana.

Há dois pequenos senões para o livro. Após a batalha, espera-se um confronto entre Ariela e Rairom ou um gancho para o próximo volume. O confronto ocorre na forma de um diálogo entre os dois em que alguns fatos importantes são revelados. Embora tenha sido bem escrito, tem-se a sensação de pressa. Algumas coisas são contadas de forma superficial e, mesmo que o quebra cabeça se encaixe, tem-se a sensação que falta algo.

O segundo senão é sobre o personagem Laqueu. Ele cumpre um importante papel na viagem de Ariela pela Península, revelando-se um bom contraponto entre o comportamento arrogante e decidido da princesa e o comportamento dele, de laissez-faire, com uma motivação mercenária para acompanhá-la. Tornou-se duas coisas: o alívio cômico e o personagem que pode fazer o que a heroína não pode, já que ele tem um caráter não tão nobre.

Porém ele simplesmente some após o regresso. Ficou clara, durante a jornada, a evolução dos laços de amizade entre eles e seria muito interessante colocá-lo ao lado de Ariela até a batalha de Algar.

Um comentário:

  1. Álvaro,

    Interessantíssimos livros!

    Gostaria de saber onde encontrá-los para compra depois que voltar do Rio.

    abraço,

    Inah

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