Peça de Teatro
Autor: Nelson Rodrigues
Direção: Dan Rosseto
Interpretação: Lígia Paula
Machado
Teatro: Casa das Rosas.
Av. Paulista, 37
São Paulo, SP
(próximo ao metrô Brigadeiro)
Em cartaz até o final de Abril de 2012
Sábados às 20h30, Domingos às 18h30
Sinopse: Uma adolescente de
15 anos delira e conta de forma fragmentária e alucinada partes de sua vida.
A Valsa nº6 do título é uma música de Choppin pela qual a moça é
obcecada, tocando-a várias vezes durante a peça de forma compulsiva. O clima
onírico é criado pelo cenário, pela sonoplastia, pela iluminação (que tem por base
velas decorativas) e efeitos de fumaça e principalmente pela forma da
personagem contar a história.
Além da valsa, a adolescente é obcecada por dois nomes: Sonia, uma adolescente com a mesma idade da personagem, que em seu delírio pode
representar uma parte dela mesma e Paulo, que pode ser um namorado ou alguém
que ela deseja ou imagina.
O quebra cabeça vai sendo montado numa história de adultério,
pedofilia, múltipla personalidade, traumas e alucinações, onde é muito difícil
separar o real do imaginário. O texto de Nelson Rodrigues é centrado no
personagem, abandonando o lógico e o racional, dando espaço para a emoção
doentia da moça.
A interpretação de Lígia está perfeita, bem como toda a montagem.
Atenção, spoiler.
Só um
pequeno reparo a fazer e não é nem na peça propriamente dita: na sinopse distribuída
para o público, o texto de apresentação da peça afirma logo de início que a
personagem é Sônia. Está é um das interpretações possíveis, já que a personagem
refere-se a “Sônia” como alguém externo a ela. Durante o espetáculo, essa
possibilidade é construída lentamente na cabeça do espectador, que pode ou não
concordar que a personagem e Sônia sejam a mesma pessoa. Ou colocar-se na
posição neutra, já que externa ou interna, tudo é apenas uma alucinação.
Para quem gosta de um drama denso, de fundo psicológico profundo esta é
uma peça altamente recomendável.