Título
Original (inglês): The
Difference Engine
Autores:
William Gibson, Bruce Sterling
Tradução:
Ludmila Hashimoto
Editora:
Aleph
Ano:
2012
454 páginas
Sinopse: Corre ano de 1855. A Inglaterra,
graças ao desenvolvimento da máquina a vapor tem um progresso estupendo,
culminando com a construção de um grande computador mecânico, inventado por Charles Babbage. Também vive as consequências deste progresso: a
revoltada dos trabalhadores e de parte da classe média contra as máquinas (os
chamados luditas).
Neste cenário, a dupla
de escritores desenvolve uma trama que tem como fulcro Ada
Byron, Lady Lovelace,
filha de Lord Byron (no romance, o primeiro ministro) e
suas duas paixões, a matemática e o jogo.
A maneira como trama é
construída tem relação com a construção de um algoritmo computacional. A relação
é tão forte que os autores chamam cada capítulo de iteração (cada vez que um
loop de um algoritmo é executado). Se o algoritmo é convergente o resultado das
iterações tende a um valor finito, ou no caso do romance, o quebra cabeça de
encaixa. Se não, ocorre overflow. E, de maneira brilhante, a solução de toda a trama tem uma relação bem
forte com este conceito.
Ada Byron, Lady Lovalace
Assim, cada
personagem, cada objeto tem um papel determinado para que o resultado “feche”.
Personagens entram e saem de cena e reaparecem quando contribuem de alguma forma
para o resultado esperado, como se fossem as variáveis do programa em execução.
Spock diria: “é fascinante!”.
A Máquina Diferencial
Outra coisa fascinante
é a contextualização histórica e o rumo alternativo que ela toma coma presença da
Máquina e outras dela derivadas e do vapor como uma constante (os gurneys, espécie de carros movidos a
vapor, são onipresentes em Londres). Há rivalidades com os franceses que também
desenvolveram uma máquina similar e japoneses que desenvolvem autômatos:
bonecas de bambu, movidas a corda, que insistem em se aculturarem em favor do
ocidente, em busca do progresso.
Gurney - espécie de automóvel movido a vapor
Também merece nota a
presença de personalidades históricas, como próprio Lord Byron, com seu
contexto político ampliado (chega a primeiro ministro), Disraeli, o biólogo evolucionista
Huxley e personagens tomados da ficção da época, ao lado de caracteres
desenhados pela dupla de autores. Há também referencias às teorias científicas
da época, sobretudo a polêmica catastrofismo versus uniformitarismo nas ciência
biológicas, no momento em que se organizava o estudo da paleontologia, guiados pelo darwinismo e sua influencia no pensamento
político, sobretudo no marxismo e no anarquismo.
Embora estas referências
sejam importantes para uma completa apreciação do romance, não são necessárias
para quem está interessado apenas na trama e na sua resolução. Momentos de ação
e suspense garantem uma leitura bem prazerosa.
Os editores facilitam
um pouco colocando um glossário e uma lista de personagens importantes,
ajudando a quem quer se aprofundar mais no contexto do romance.
Para os fãs de steampunk esta é uma
obra muito importante, pois se não deu origem ao gênero, ela deu-lhe forma e
impulso.
Imperdível.