Adaptação e supervisão geral: Francisca Braga
Direção Geral: Dan Rosseto e Ligia Paula Machado
Coreografias: Ligia Paula Machado e Roger Pendezza
Direção Musical: Dyonisio Moreno
Elenco: Luiz Araújo (Leléu), Ligia Paula Machado
(Lisbela), Beto Marden (Douglas), Marilice Consenza (Inaura), Nill de Pádua (Tenente
Guedes), Fernando Prata (Vela de libra/Frederico Evandro), Jonatan Motta (Cabo
Citonho) e Milene Vianna (Francisquinha).
Músicos: João Paulo Pardal (guitarra e violão), Renan
Cacossi (pífano e flauta transversal), Maristela Silvério (piano), Jonatan
Motta (violino), Azael Rodrigues (bateria e percussão), Daniel Warchauer
(acordeon), Augusto Brambilla (baixo acústico e elétrico)
Cenografia, figurinos e designer de luz: Kleber
Montanheiro
A história da inocente Lisbela com casamento marcado
com Douglas, mas que se apaixona, por Leléu, dono de um circo mambembe, transforma-se
em um musical de excelente qualidade.
Com adaptação de Francisca Braga e sob direção de Dan
Rosseto e Lígia Paula Machado – que também encarna a personagem Lisbela, a
montagem está sendo exibida no Teatro Nair Bello, em São Paulo, onde fica em
cartaz até 7 de junho.
A peça foi escrita originalmente por Osman Lins, autor entre
outras obras de Avalovara. O escritor concebia o teatro como uma forma de entretenimento e
é justamente este lado lúdico que se busca ser mostrar nesta montagem,
aproximando-a do circo. O cenário é despojado, mas altamente mutável graças à
rapidez com que um grupo de acróbatas – uma atração à parte – monta remonta a cena e a personagem vivida por
Lígia Paula Machado (Lisbela) aparece várias vezes executando números acrobáticos de lira, com
tecidos e com corda indiana, mostrando a versatilidade da atriz, que também
atua e canta.
Com direção musical de Dyonisio Moreno, a trilha sonora
traz músicas de Zé Ramalho, Pixinguinha,
Dominguinhos, Caetano Veloso, João Pernambuco e Filipe Catto e é executada ao vivo,
de maneira brilhante por oito músicos.
Impressões Pessoais
Assisti a esta peça no último domingo (19/10) e fiquei
agradavelmente impressionado, tanto com a montagem em si, como com a primorosa execução
das músicas e com atuação de todo o elenco, com destaque para Lígia Paula Machado
(Lisbela) e Luiz Araújo (Leléu), com uma atuação esplêndida, quer como atores, quer como cantores.
Percebe-se em Lígia que ela vive a arte com muita
intensidade e a tem como propósito de vida, o que transparece em todos os
momentos que está no palco.
Lisbela sofre uma grande transformação, de uma moça ingênua
para uma mulher que luta pelo homem que ama, assim como Leléu, que descobre que sua liberdade pessoal de artista itinerante e de mulherengo precisa
de um ponto de apoio e de constância, representado pelo amor de Lisbela.
Beto Marden faz um Douglas bem caricato, alguém que
quer parecer o que não é, carioca, sendo pernambucano. Aliás, o texto de Osman
Lins traz isso – a valorização do que é de fora – como uma crítica, aparecendo
também nas primeiras falas de Lisbela, que se admira de atores estrangeiros sem enxergar possíveis talentos nacionais.
Nill de Pádua compõe um Tenente Guedes também caricato
do tipo de homem machista e que tenta controlar a filha sob rédea curta, mas faz
isso apenas por amor.
Marilice Consenza representa Inaura, a perfeita antagonista
para Lisbela: experiente e determinada.
A grandeza da personagem se revela num diálogo com Lisbela, onde as duas
estão igualmente dispostas a lutar por Leléu.
Fernando Prata representa o vilão típico, um matador
profissional, caracterizado por sua postura e falas carregadas de sotaque e arrogância.
Jonatan Motta (Cabo Citonho) e Milene Vianna
(Francisquinha) compõe o segundo par romântico, funcionando como um canal entre
as partes conflitantes. Esta dupla causou-me uma bela surpresa quando cantam
seu número musical, sobretudo a voz de Jonatan Motta fazendo o personagem
crescer a nossos olhos.
Todos os atores e músicos, principais e secundários
demonstraram ter uma gama de talentos que os torna extremamente polivalentes.
Por exemplo, os músicos são também a guarda de segurança do tenente Guedes. Os
acróbatas além de mudarem o cenário, fazem números de circo e pequenos papéis
em cena. Lígia faz números de acrobacia aérea e junto com Beto Marden faz um
número de Roller Dance. Todos cantam e dançam.
Ao termino do espetáculo, após os aplausos, Lígia
volta-se para a plateia e, em agradecimento, se posiciona que o objetivo do
teatro é exatamente entreter, de tal maneira que as pessoas têm que sair um
pouco diferentes do que entraram.
E com certeza, saíram.
E eu saí com a sensação de que a peça merecia um teatro
bem maior.
O que: Lisbela e o Prisioneiro
Quando: Sexta, às 21h30, sábado, às 21h; domingo, às
19h. 105 min.
De 10/4/2015 a 7/6/2015
Onde: Teatro Nair Bello
Shopping Frei Caneca 3º piso
Rua Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo, tel. 0/xx/11 3472-2414
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Classificação etária: livre