segunda-feira, 20 de abril de 2015

Lisbela e o Prisioneiro




Lisbela e o Prisioneiro
Autor: Osman Lins
Adaptação e supervisão geral: Francisca Braga
Direção Geral: Dan Rosseto e Ligia Paula Machado
Coreografias: Ligia Paula Machado e Roger Pendezza
Direção Musical: Dyonisio Moreno

Elenco: Luiz Araújo (Leléu), Ligia Paula Machado (Lisbela), Beto Marden (Douglas), Marilice Consenza (Inaura), Nill de Pádua (Tenente Guedes), Fernando Prata (Vela de libra/Frederico Evandro), Jonatan Motta (Cabo Citonho) e Milene Vianna (Francisquinha).

Músicos: João Paulo Pardal (guitarra e violão), Renan Cacossi (pífano e flauta transversal), Maristela Silvério (piano), Jonatan Motta (violino), Azael Rodrigues (bateria e percussão), Daniel Warchauer (acordeon), Augusto Brambilla (baixo acústico e elétrico)
Cenografia, figurinos e designer de luz: Kleber Montanheiro

A história da inocente Lisbela com casamento marcado com Douglas, mas que se apaixona, por Leléu, dono de um circo mambembe, transforma-se em um musical de excelente qualidade.

Com adaptação de Francisca Braga e sob direção de Dan Rosseto e Lígia Paula Machado – que também encarna a personagem Lisbela, a montagem está sendo exibida no Teatro Nair Bello, em São Paulo, onde fica em cartaz até 7 de junho.

A peça foi escrita originalmente por Osman Lins, autor entre outras obras de Avalovara. O escritor concebia o teatro como uma forma de entretenimento e é justamente este lado lúdico que se busca ser mostrar nesta montagem, aproximando-a do circo. O cenário é despojado, mas altamente mutável graças à rapidez com que um grupo de acróbatas – uma atração à parte –  monta remonta a cena e a personagem vivida por Lígia Paula Machado (Lisbela) aparece várias vezes executando números acrobáticos de lira, com tecidos e com corda indiana, mostrando a versatilidade da atriz, que também atua e canta.



Com direção musical de Dyonisio Moreno, a trilha sonora traz músicas de  Zé Ramalho, Pixinguinha, Dominguinhos, Caetano Veloso, João Pernambuco e Filipe Catto e é executada ao vivo, de maneira brilhante por oito músicos.

Impressões Pessoais

Assisti a esta peça no último domingo (19/10) e fiquei agradavelmente impressionado, tanto com a montagem em si, como com a primorosa execução das músicas e com atuação de todo o elenco, com destaque para Lígia Paula Machado (Lisbela) e Luiz Araújo (Leléu), com uma atuação esplêndida, quer como atores, quer como cantores.

Percebe-se em Lígia que ela vive a arte com muita intensidade e a tem como propósito de vida, o que transparece em todos os momentos que está no palco.

Lisbela sofre uma grande transformação, de uma moça ingênua para uma mulher que luta pelo homem que ama, assim como Leléu, que descobre  que sua liberdade pessoal  de artista itinerante e de mulherengo precisa de um ponto de apoio e de constância, representado pelo amor de Lisbela.

Beto Marden faz um Douglas bem caricato, alguém que quer parecer o que não é, carioca, sendo pernambucano. Aliás, o texto de Osman Lins traz isso – a valorização do que é de fora – como uma crítica, aparecendo também nas primeiras falas de Lisbela, que se admira de atores estrangeiros  sem enxergar possíveis talentos nacionais.

Nill de Pádua compõe um Tenente Guedes também caricato do tipo de homem machista e que tenta controlar a filha sob rédea curta, mas faz isso apenas por amor.



Marilice Consenza representa Inaura, a perfeita antagonista para Lisbela: experiente e determinada.  A grandeza da personagem se revela num diálogo com Lisbela, onde as duas estão igualmente dispostas a lutar por Leléu.

Fernando Prata representa o vilão típico, um matador profissional, caracterizado por sua postura e falas carregadas de sotaque e arrogância.

Jonatan Motta (Cabo Citonho) e Milene Vianna (Francisquinha) compõe o segundo par romântico, funcionando como um canal entre as partes conflitantes. Esta dupla causou-me uma bela surpresa quando cantam seu número musical, sobretudo a voz de Jonatan Motta fazendo o personagem crescer a nossos olhos.




Todos os atores e músicos, principais e secundários demonstraram ter uma gama de talentos que os torna extremamente polivalentes. Por exemplo, os músicos são também a guarda de segurança do tenente Guedes. Os acróbatas além de mudarem o cenário, fazem números de circo e pequenos papéis em cena. Lígia faz números de acrobacia aérea e junto com Beto Marden faz um número de Roller Dance. Todos cantam e dançam.

Ao termino do espetáculo, após os aplausos, Lígia volta-se para a plateia e, em agradecimento, se posiciona que o objetivo do teatro é exatamente entreter, de tal maneira que as pessoas têm que sair um pouco diferentes do que entraram.

E com certeza, saíram.

E eu saí com a sensação de que a peça merecia um teatro bem maior.


Quando: Sexta, às 21h30, sábado, às 21h; domingo, às 19h. 105 min. 
              De 10/4/2015 a 7/6/2015
          Shopping Frei Caneca 3º piso
          Rua Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo, tel. 0/xx/11 3472-2414
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Classificação etária: livre