Ano: 2012
168 páginas
Sinopse: Livro que
reúne dezenove contos, alguns inéditos, outros não, de temáticas
variadas, indo da ficção científica ao absurdo, de maneira
bastante inovadora.
Brontops Baruq é
pseudônimo de um escritor paulista, que se aventurou na ficção
científica, publicando trabalhos em alguns dos Portais (coletâneas
de contos organizadas por Nelson de Oliveira), e em antologias
publicadas pela Draco e pela Terracota. Foi ganhador o primeiro
Prêmio Hydra,
com o conto História com desenho e diálogo, presente neste
livro.
A primeira constatação
logo no título: Brontops sabe criar metáforas inusitadas. E não
fica só nas metáforas. Os ambientes e as histórias são bem
originais, fugindo das estruturas tradicionais.
Isso se nota já no
primeiro conto, Extensão, onde
um homem está nu num mar raso, com águas límpidas e céu azul. Não
sabe como foi para lá e o único recurso de que dispõe, um celular, se revela inútil. Um situação desesperante, com desfecho com
contornos que reforçam o absurdo.
Em
Hipocampo, a situação
retrata é o relacionamento entre um homem uma mulher, que ele tenta
lembrar, já que sua memória foi apagada. A cena é reconstruída
aos poucos, misturando lembranças e suposição e ficamos sabendo
porque sua memória foi apagada. Muito bom.
O
próximo conto é {os quereres}, onde
um casal discute como será seu filho, junto com o atendente de um
empresa que preparará o material genético para os filho de seus
sonhos. A discussão entre os três parece uma decisão de compra de
um produto de consumo. Esta história se contrapõe com a de uma
viúva que deseja um filho do marido falecido. Neste conto o destaque é para a veia irônica do autor.
O
conto Zênite, Nadir e drosófila coloca
pessoas aparentemente comuns em uma situação inusitada: um dos
filhos do casal foi escolhido para ser o Judas daquele ano. Na
sociedade em que viviam, uma vez por ano, uma criança era escolhida
para encarnar o mal e ser punida. Assustadora a passividade com que
todos aceitam essa situação. Bem construído.
A
seguir, temo 6. Rebobinados, um
conto onde predomina o humor. Um condenado, em troca de um perdão,
escolhe ser voluntário de uma viagem interestelar. Só que ele tem
como parceiro um outro condenado, um maníaco sexual.
Em
O xadrez das mariposas, um
país qualquer tem uma política de dar superpoderes a quaqleur
cidadão. Tanto o cidadão como o poder são escolhidos
aleatoriamente e isso nem sempre é um benefício. Boa sacada.
Pausa é
o mais longo dos contos. Dois casais de guerrilheiros lutam em uma
guerra civil, aparentemente no EUA, em que de um lado estão os
criacionistas e do outro os evolucionistas. A história é
emocionante, com personagens bem construídos. Há boas cenas de
batalhas.
Ficção
Especulativa é um conto que
mistura uma história policial com viagens no tempo. Detetives
visitam a cena do crime antes dele acontecer. Aqui a forma de narrar
é bem criativa, comparndo o conto ora com um filme, ora com um
romance.
(História com
desenho e diálogos) foi o
conto ganhador do
Prêmio Hydra. A
narrativa parece um transcrição literal de um caderno onde há
desenhos. Os desenho são descritos de uma maneira fria, como se
fosse a transcrição feita para um processo jurídico. O texto
parece de um criança vivenciando uma invasão alienígena. Entre os
desenhos está Spaceboy, aparentemente
um personagem de TV. Este conto é realmente merecedor do prêmio que
ganhou. Um história bem contada, de uma maneira bem criativa.
Em
O propósito, um
menino é o ultimo humano da Terra e, juntamente com seu cão
viralata, são recolhidos por alienígenas. Este menino é Spaceboy.
Ele está começando a
entrar na adolescência, e, como não tem ninguém para se comparar,
deseja aprender a ser humano.
O amadurecimento ou
Errare humanum est é mais um
conto onde aparece Spaceboy.
O agora rapaz se encontra com uma humana não terrestre e pede para
ela ser sua professora. A narrativa dá a entender que se trata de um
programa de televisão, talvez um reality show. Final carregado de
ironia.
Planetas invisíveis
é um série de quatro contos.
No primeiro, Diana, a
população de um planeta inteiro decide se encolher, para poder
sobreviver. Outro conto pontuado pela ironia. Final surpreendente.
A
seguir, Mafalda, um
planeta completamente surreal, que torna um sinopse muito difícil. O
conto está muito bem escrito.
Natasha
é uma alienígena que precisa retorna a seu planeta natal para poder
dar a luz a seu filho. Narrativa também surreal.
Em
Astronauta, um homem
maltrata a androide que o serve como escrava, inclusive sexual. A
resignação programada o irrita e ele sempre aumenta a dose de dor.
Um bom texto com um bom desfecho.
Em
Buraco no céu ou 22 de Dezembro de 2012 uma
invasão alienígena ocorre e todos estão morrendo de medo, dada
similaridade com centenas de filmes de invasão que todos viram,
aguardando o fim. Mas uma vez o desfecho é ponto alto do conto.
Sésamo,
bananas & Kung Fu conta o
que possivelmente aconteceria se o teletransporte estive ao alcance
de qualquer um. Hilariante.
Noés
mostra uma solução pra lá de
radical para resolver o problema dos sem teto. Humor negro, mas bem
inteligente.
Kripton fecha
com chave de ouro o livro. Por dois motivos, é uma história
apocalíptica e contada de um forma muito poética.
Em
suma: Um excelente livro que consegue reunir boas histórias, em
formatos inovadores. Há uma ironia fina, que percorre quase todos,
que às vezes se transforma em humor, um tanto negro, mas muito
inteligente. Há também poesia, absurdo e surrealidade. Na medida
certa.
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