Autor: Olívia Maia
Editora: Draco
Ano: 2013
224 páginas
Sinopse: Após ter fracassado numa expedição à Antártida,
Estevão recebe um convite para, junto com a antiga equipe, participar de uma
missão para encontrar um médico desaparecido na Colômbia. Apesar de estranhar o
pedido (já que eles acabaram de sair de um fracasso) e de as informações serem
extremamente vagas, aceita. Tem início a uma busca que é seguida de perto por
uma moça supostamente argentina e cedo descobrem que não estão envolvidos numa
simples busca.
Soma-se a isso o drama pessoa de Estevão, que não fala
com o pai – que também está na equipe – desde o fracasso da Antártida e as
motivações ocultas do contratante, da garota argentina, de alguns membros da
equipe e do próprio médico desaparecido.
Esses são os elemento de uma trama de mistério, que aos
poucos vai se revelando ao leitor. Os personagens estão longe de serem heróis:
estão carregados de frustrações, pensam em desistir várias vezes e não formam
um time coeso. Até aí tudo bem, mas o que me incomodou deveras é que ele eram
muito obtusos, a ponto de não perceberem o mais óbvio, qual a motivação do
médico para desaparecer e qual o interesse em achá-lo por parte do contratante.
Numa história de mistério é normal o leitor ter mais
informações que os personagens e um bom autor dá sutis sinais para que o leitor
se sinta um pouco mais esperto que os personagens envolvidos. Por exemplo,
Watson das histórias de Sherlock Holmes. Ele é inteligente o suficiente para acompanhar
Sherlock e após a trama ser deslindada de compreender os passos da lógica, mas
não é capaz de perceber alguns detalhes que amarram o raciocínio durante o
processo de investigação. Mas o que ele não percebe são detalhes que um leitor
mais atento consegue ver. Mas jamais deixaria de reparar em um elefante e foi
isso que os personagens de A Última Expedição fizeram.
Quando eu percebi isso, ler o restante do romance foi
difícil, ainda mais que narrativa é arrastada e com pouca ação até cerca de
dois terços do livro, que coroa tudo com um final frustrante.
Quanto à forma, Olívia Maia algumas vezes termina as
frases com uma conjunção ou preposição, lembrando phrasal verbs do inglês, ou frases truncadas quando o seu final é
óbvio. Num diálogo às vezes dá a impressão de que as pessoas se interrompem umas
às outras por agressividade ou cumplicidade (“eu já sei o que quer dizer”).
Isso até que seria interessante se a leitura não estivesse se arrastando.
Ainda assim, o romance tem o mérito de criar um bom
personagem: Estevão Timber, um perfeito anti-herói, que quer apenas sair da
monotonia em que se transformou sua vida, reencontrar com o pai, recuperar a
auto-estima e levar uma boa bolada de grana. Temos acesso a seus pensamentos
íntimos e podemos acompanhar sua trajetória transformadora e talvez seja o
único que lucrou alguma coisa além do dinheiro em toda a aventura.
Outro ponto positivo é ambientação bem feita de várias
regiões da Colômbia e a presença de personagens locais bem feitos, que não
parecem simples chicanos.
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