sexta-feira, 28 de março de 2014

A Última Expedição

Autor: Olívia Maia
Editora: Draco
Ano: 2013
224 páginas

Sinopse: Após ter fracassado numa expedição à Antártida, Estevão recebe um convite para, junto com a antiga equipe, participar de uma missão para encontrar um médico desaparecido na Colômbia. Apesar de estranhar o pedido (já que eles acabaram de sair de um fracasso) e de as informações serem extremamente vagas, aceita. Tem início a uma busca que é seguida de perto por uma moça supostamente argentina e cedo descobrem que não estão envolvidos numa simples busca.

Soma-se a isso o drama pessoa de Estevão, que não fala com o pai – que também está na equipe – desde o fracasso da Antártida e as motivações ocultas do contratante, da garota argentina, de alguns membros da equipe e do próprio médico desaparecido.

Esses são os elemento de uma trama de mistério, que aos poucos vai se revelando ao leitor. Os personagens estão longe de serem heróis: estão carregados de frustrações, pensam em desistir várias vezes e não formam um time coeso. Até aí tudo bem, mas o que me incomodou deveras é que ele eram muito obtusos, a ponto de não perceberem o mais óbvio, qual a motivação do médico para desaparecer e qual o interesse em achá-lo por parte do contratante.

Numa história de mistério é normal o leitor ter mais informações que os personagens e um bom autor dá sutis sinais para que o leitor se sinta um pouco mais esperto que os personagens envolvidos. Por exemplo, Watson das histórias de Sherlock Holmes. Ele é inteligente o suficiente para acompanhar Sherlock e após a trama ser deslindada de compreender os passos da lógica, mas não é capaz de perceber alguns detalhes que amarram o raciocínio durante o processo de investigação. Mas o que ele não percebe são detalhes que um leitor mais atento consegue ver. Mas jamais deixaria de reparar em um elefante e foi isso que os personagens de A Última Expedição fizeram.

Quando eu percebi isso, ler o restante do romance foi difícil, ainda mais que narrativa é arrastada e com pouca ação até cerca de dois terços do livro, que coroa tudo com um final frustrante.

Quanto à forma, Olívia Maia algumas vezes termina as frases com uma conjunção ou preposição, lembrando phrasal verbs do inglês, ou frases truncadas quando o seu final é óbvio. Num diálogo às vezes dá a impressão de que as pessoas se interrompem umas às outras por agressividade ou cumplicidade (“eu já sei o que quer dizer”). Isso até que seria interessante se a leitura não estivesse se arrastando.

Ainda assim, o romance tem o mérito de criar um bom personagem: Estevão Timber, um perfeito anti-herói, que quer apenas sair da monotonia em que se transformou sua vida, reencontrar com o pai, recuperar a auto-estima e levar uma boa bolada de grana. Temos acesso a seus pensamentos íntimos e podemos acompanhar sua trajetória transformadora e talvez seja o único que lucrou alguma coisa além do dinheiro em toda a aventura.

Outro ponto positivo é ambientação bem feita de várias regiões da Colômbia e a presença de personagens locais bem feitos, que não parecem simples chicanos.


Nerd Shop


terça-feira, 25 de março de 2014

Lobisomem sem barba

Lobisomem sem Barba - Balão Editorial
Lobisomem sem barba
Texto e Arte: Wagner Willian
Editora: Balão Editorial
Ano: 2014
352 páginas

Sinopse: formado por pequenos textos como se tirados aleatoriamente de postagens e comentários em blogs e redes sociais, este mosaico, formado por caquinhos aparentemente díspares, compõe uma história maior.

A primeira sensação que tive ao começar a ler Lobisomem sem barba é que alguém num acesso de fúria tivesse rasgado uma centena livros de HQs e pegado um punhado de papéis rasgados e me dado pra ler. Neste conjunto aparentemente caótico foi formando uma história na minha cabeça.

A leitura também pode ser comparada à leitura fragmenta que fazemos nas redes sociais, correemos os posts dos nossos amigos, às vezes sem relação entre si, observando o feed de notícias com o rabo dos olhos e de vez em quando respondendo alguma coisa no chat.

Sentimos que há algo estranho ocorrendo, pode ser um lobisomem, mas não vemos seu rosto para saber se tem ou não barba. E terminar a leitura não nos dá certeza alguma.

Recheado de citações à cultura popular, que vão do mangá Akira à Waldick Soriano (cantor brega dos anos 80, cujo maior sucesso era Eu não sou cachorro não), passando pelo Coelho Pernalonga e sua turma, ou a cultura mainstream, como Jung e van GoghLobisomem sem barba é uma leitura intrigante e que nos faz combinar lógica, intuição e imaginação para tentar alcançar um sentido maior do conjunto de fragmentos que temos à mão, não muito diferente de quanto tentamos entender a realidade em que vivemos.

Uma boa parte dos fragmentos é acompanhada por citação a uma música pop, MPB ou clássica, por exemplo Bang Bang, na voz de Nancy Sinatra, Essa moça tá diferente, de Chico Buarque e  Clair de Lune, de Debussy. Algumas podem ser ouvidas na lista de reprodução feita pelo autor no Youtube.



E há as ilustrações, do próprio autor, tão desconcertantes quanto o texto. Eu classificaria o Lobisomem sem barba como um desafio semelhante ao da Esfinge, decifra-me ou devoro-te.



Leia amostra do texto aqui.

Nerd Shop

Lobisomem sem barba. Wagner Willian. Balão Editorial. Livraria Cultura

domingo, 23 de março de 2014

Jesus Cristo Super Star

Jesus Cristo Super Star
Autores: Andrew Lloyd Webber e Tim Rice. 
Tradução: Bianca Tadini e Luciano Andrey
Direção: Jorge Takla
Elenco: Alírio Netto (Judas), Igor Rickli (Jesus), Negra Li (Maria Madalena), Fred Silveira (Pilatos) e Wellington Nogueira (Herodes)
Temporada: de 14 de março a 08 de junho
Local: Teatro do Complexo Ohtake Cultural 
          Rua dos Coropés, 88 
          Pinheiros
          São Paulo - SP
Horários: quintas e sextas, às 21h; sábados, às 17h e 21h; domingos, às 18h
Duração: 130 minutos em dois atos (com intervalo de 15 min)

Sinopse: Musical que trata da última semana de Jesus Cristo na Terra, mostrando a relação de Judas, Maria Madalena e Cristo no ambiente político e religioso da época.



A peça centra-se mais na figura de Judas do que Cristo e procura retratar a sua visão. Judas vê Cristo como um homem que ganhou notoriedade e passou a acreditar no que diziam dele: inicialmente um rei e depois um deus. Interpretado soberbamente por Alírio Netto, Judas ganhou uma grande força como personagem.



Igor Rickli, que interpreta Cristo, o coloca numa perspectiva mais humana, como um homem que sente o peso de sua responsabilidade, recusando-se a ser um simples canal dos anseios do povo, traduzido no grito desesperado quando é cercado por pessoas pedindo milagres: “Curem a si mesmos!”.



Maria Madalena é magistralmente interpretada por Negra Li e mostra-se uma mulher que não sabe lidar com os sentimentos de amor misturado com a gratidão e o traduz como cuidado a uma pessoa que sofre como ela.

Mesmo os personagens secundários tem uma força considerável na trama, como Anás, Caifás, Herodes, Pilatos e Pedro, tornando a história atual, ainda que já tivesse sido contada milhares de vezes.



Nisso está o mérito de  Andrew Lloyd Webber e Tim Rice e da montagem feita por Jorge Takla. O diretor desta versão deu mais peso ao uso de guitarra, baixo e bateria, usou um figurino que remete aos dias de hoje, com o uso de coturnos, sobretudos que lembram Matrix e tecidos camuflados dentro de um cenário bastante despojado.

Como sempre, desde os anos 70, houve uma reação ensandecida de setores mais conservadores, que tentaram impedir a peça de ser estreada. 

Se estas pessoas se detivessem numa análise mais fria, notarão que o que se quer fazer é contar uma boa história, sem pretender ser iconoclasta, e que Andrew Lloyd Webber, Tim Rice e Jorge Takla trataram a figura de Cristo de forma até bastante respeitosa.



Jesus Cristo Superstar é uma peça excelente numa montagem bem dirigida e com atuações memoráveis tanto do trio principal como dos personagens secundários e até dos figurantes. Destaque especial aos músicos, que interpretaram magnificamente a partitura.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Agora é minha vez de amar

Agora é minha vez de amar
Autores: André Veloso, Cybelle Rosa, Cynthia Rosa, Enrico Libedratori, Giovanna Oliveira, Karina Ogoshi, Larissa Felix, Lívia Trentin, Lucas Eduardo Mieri, Marcos Lopes, Matheus Caetano, Mônica Broti, Nicoli Costanzi, Onofre Crossi, Tainá Previatalli, Thifany, Ygor Oliveira
Organização: Marcosw Lopes, Mônica Broti e Onofre Crossi
Ilustrações: Karina Ogoshi
Ano: 2014
Edição: Produção editorial independente.
152 páginas

Sinopse: Resultado de um projeto educacional de uma escola de São Paulo, o livro reúne contos, crônicas, poesias e ilustrações produzidos por alunos e pelos organizadores da coletânea, tendo por tema o amor.

O primeiro fato a se ressaltar é a porigem do livro: um projeto educacional. Diante da mesmice que o ensino é, este grupo de professores e alunos demonstraram que é possível inovar e que aprende-se melhor fazendo. E fazendo um grande projeto. A iniciativa poderia ter ficado entre as quatro paredes da escola mas ele se transformou em um livro de criação e financiamento coletivo e divulgado de uma forma a fazer inveja até em algumas editoras já estabelecidas no mercado. No lançamento foi feito um pocket show com uma performance excelente.

O segundo, é a diversidade de textos, tanto quanto a forma, quanto do conteúdo. Temos contos, que compõe a maior parte das páginas do livro, mas temos também poemas, cronicas na forma de depoimentos pessoais e até pequenos ensaios. Quanto ao conteúdo temos textos com a visão do amor juvenil (afinal, os alunos são adolescentes), contos com uma visão pessimista e até alguns contos de terror. O amor também não se fixa no amor de casal. Pode ser o amor pai e filho, o amor puro sentimento ou o amor pela arte e até a ausência de amor.

O terceiro é que todos os textos estão no mínimo bem escritos. Percebe-se aqui e ali coisas próprias de um primeiro texto a ser publicado que serão lapidadas ao longo do tempo para os que pretendem seguir escrevendo. 

Por fim as ilustrações de Karina Ogoshi lembram bastante o traço de Mangá e encontramos nele muita delicadeza. 

Tentado pela chuva – Lucas Eduardo de Mieri

O conto que abre o livro foge bastante ao esperado numa antologia com este tema. Com uma visão sarcástica de um personagem que está no enterro do seu pai, a quem odeia, o conto pouco a pouco desconstrói o caráter do protagonista.

Sorriso Angelical – Nicoli Constazi

Uma crônica deliciosa sobre uma manhã iluminada por um sorriso.

O Acaso – Larissa Felix

Uma moça trabalhando sob forte pressão esbarra num homem. Este esbarrão via mudar várias coisas em sua vida. 

Amor Incondicional sem limites – Matheus Cardoso

Um ensaio em que o autor discorre sobre suas impressões sobre o amor, tendo por base canções dos Beatles.

O Casamento de Marina e Dezinho – Enrico Liberatori

Numa festa junina, um “casamento na roça” é levado a sério pelos participantes.

Anita Malfatti: Ousadia, Tradição e Experimentação – Monica Broti

Um pequeno ensaio sobre a pintora Anita Malfatti e seu amor pela Arte.

Palavras de Amor – Tainá Previtalli

Uma crônica que se transforma numa declaração de amor.

Cartas de Amor – Marcos Lopes

Quem seria o admirador secreto de Mirela, que nos tempos de redes sociais ainda escrevia cartas de amor? 

Luz – Thifany

Quanto tempo a luz de alguém brilha na vida de outra?

Duas paixões, dois amores – Onofre Crossi

O autor refere-se a seus dois grandes amores: a sua esposa e a filosofia.

O Inevitável do Amor – Giovanna Oliveira

Ilusões e desilusões de um amor juvenil.

O Beijo de Jezebeth – Ygor Oliveira

Uma bem construída história de horror envolvendo um homem e uma súcubo.

Explosão Nuclear – Karina Ogoshi

Um grito de desespero ante um mundo que se autodestrói.

Amor de Verdade – Cynthia Rosa

Um crônica onde a autora se posiciona a respeito do amor.

Valquírias  – Lívia Trentin

Às Valquírias é proibido amar a quem devem levar para Valhala. Valeria a pena quebrar esta interdição, mesmo estando próximo o Ragnarok?

Não há nada de novo a não ser o que foi esquecido – André Veloso

Uma nobre francesa é guilhotinada, mas seu fantasma sobrevive. Ela não entende por que isso acontece, por não ter nada que a prenda à Terra, nem um amor, já que ela era fria e calculista e este sentimento lhe era estranho. A partir deste momento passa a se transportar para várias épocas revivendo momentos de várias de suas vidas. Título muito bem escolhido.

Após os contos,  temos uma pequena série de poemas de Cybelle, Nicoli Constanzi e Karina Ogoshi. Todos demonstra a sensibilidade das autoras. Gostei particularmente do poema de Nicoli Constanzi.

Conclusões

Dos contos merecem destaque pela originalidade: Tentado pela chuva, de Lucas Eduardo de Mieri; O Beijo de Jezebeth, de  Ygor Oliveira, Explosão Nuclear , de Karina Ogoshi; Valquírias, de Lívia Trentin e Não há nada de novo a não se o que foi esquecido, de André Veloso.

Espero que este projeto tenha continuidade e que mais educadores se espelhem neste sucesso para tornar o ensino algo que seja uma real contribuição para o crescimento das pessoas por ele envolvidas.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Militia – Uma banda assumidamente Nerd



Nascida em Tupã e atualmente em Campinas, a banda Militia tem como referencias o universo nerd: HQ´s, Cinema, Games e Ficção Científica.


sábado, 1 de março de 2014

Literatura no Berço – para pais e mães nerds


roteiro_literatura_de_berço (Foto: Débora Nazari)

Literatura de Berço é  destinado às mães e pais de bebês com idades entre 3 e 18 meses. Neste encontro serão lidos os poemas de Carlos Drummond de Andrade e os pais e mães compartilharem suas experiências, enquanto os poemas do autor mineiro são lidos e os bebês brincam.
 evento  que ocorrerá no  dia 12 de março, das 14 às 16 horas, na Casa das Rosas.
Quando: dia 12 de março, das 14h às 16h
Onde: na Casa das Rosas (Avenida Paulista, 37)
Inscrições: pelo telefone (11) 3285-6986
Quantidade de vagas: 13