domingo, 25 de abril de 2010

Psicomagia

Psicomagia

Autor: Alejandro Jodorowski

Tradução: Sueli Farah
Editora: Devir
Páginas: 296
Ano: 2009

Sinopse: Alejandro Jodorowski – cineasta, teatrólogo, roteirista de quadrinhos, poeta e místico –, baseado em sua experiência pessoal, na psicanálise, em técnicas terapeuticas e em várias doutrinas místicas e religiosas, desenvolveu uma nova forma de terapia, que deu o nome de psicomagia. O livro tenta sistematizar, por meio de uma série de entrevistas com o autor, esta nova técnica.

Alejandro Jodorowski é bastante conhecido pelo seu trabalho como cineasta e roteirista de quadrinhos. Sua trilogia Incal deu origem a um universo fantástico, com vários desdobramentos e obras paralelas.

No livro Psicomagia em particular, o autor afasta-se de suas atividades mais conhecidas para enveredar-se por outra arte, como ele mesmo classifica, a arte de curar. Sua experiência começa nos anos 60 e 70, com primeiro atos poéticos e, a seguir, teatrais. Esses atos tiveram origem em uma preocupação em caracterizar o ato poético como algo desprovido de significado, ou pelo menos do signifcado das verdades pré-estabelecidas. Ele cita como exemplo, a ação de andar em linha reta sem contornar obstáculos (se surgir uma árvore no caminho, sobe-se na árvore, descendo do outro lado), sem qualquer motivo aparente.

O ato teatral estaria na desconstrução do teatro onde não existe peça nem qualquer distinção entre atores e público. A esse tipo de teatro Jodorowski dá o nome de "Teatro Pânico". Nele, todos são convidados a fazerem em público aquilo que desejarem, dando origem a um processo catártico. Como exemplo disso estão os hapennings. Comuns nos anos 60 e 70, eram espetáculos teatrais feitos em locais públicos, como, por exemplo uma estação de metrô, sem roteiro pré-determinado.

O ato seguinte é o que ele chama de ato onírico, este diretamente inspirado em três fontes básicas: a psicanálise, a arte surrealista e tradições místicas. Consiste no chamado "sonho lúcido", no qual o sonhador sabe sua condição e assume o controle de seu sonho. Pode também adotar o mesmo distanciamento na vida real, supondo estar num sonho e estabelecendo uma interpretação simbólica para seus atos do dia a dia.

Por fim o ato psicomágico, que seria uma prescrição de uma ação que deve ser executada pelo paciente da exata maneira prescrita pelo terapeuta. A ação, de caráter extremamente simbólico, seria capaz de romper com determinados paradigmas do paciente, realizando assim a cura. O ato psicomágico é diretamente inspirado nas ações de curandeiros e xamãs. Jorodowski chegou a tornar-se assistente de uma curandeira no México para aprender sua técnicas.

Apesar do esforço do autor e de seus entrevistadores em tentar captar o método da psicomagia, o livro falha no sentido de que Jorodwiski construiu – ao longo de várias décadas – uma escada para ele subir e esta escada foi destruída. Se quisermos ser psicomagos, devemos construir uma nova escada.

Todavia, a leitura do livro é interessante, quer queiramos ou não ser psicomagos. Jodorowski está ali por inteiro, e podemos conhecer bastante sobre sua vida e sua maneira de pensar. Em especial, no final do livro onde ele dá um curso rápido de criatividade. Os exercícios que ele propõe abrem bastante a mente de quem levá-los a sério.

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