domingo, 11 de abril de 2010

O Fantasma do Apito

Título: O Fantasma do Apito
Autor: Miguel Carqueija
Editora: Scarium
ano:
2007
118 páginas

Sinopse:
Três garotas chegam de trem a um castelo para estudar em uma "Escola Modelo". Um apito estridente perturba sua viagem. Ao chegarem, isso é usado como desculpa para uma má recepção por parte do inspetor de alunos que atribui a elas o ocorrido. Mas ele não é único que não simpatiza com as estudantes. Elas parecem ter atraído para si todas as antipatias possíveis, dos diretores à maioria dos alunos. Para piorar as coisas, ocorre um assassinato. 

Miguel Carqueija, mais uma vez visa o público infanto juvenil. Raramente autores de FC que escrevem para público adulto aventuram-se por estas paragens. E os autores de infanto juvenil que se aventuram pela FC raramente se libertam das amarras do paradidatismo. 

O momento pede uma ousadia maior de autores e editores brasileiros, já que se percebe que os autores tanto de Harry Potter como de Desventuras em Série, que tem muitos leitores brasileiros, estão pouco se lixando para o Programa Curricular Nacional.

O Fantasma do Apito procura cativar seu público oferecendo uma história com mistério, aventura e humor, sem muitas preocupações didádicas. A diversão é o que importa.

O elemento mágico também está presente, bem como uma tecnologia retrô, apesar do tempo ser o presente imediato. Isso porque o autor tentou criar uma atmosfera de história alternativa, onde no século XXI não há celulares. Carros e computadores são artigos de luxo. Regimes totalitários de direita ou esquerda não ocorreram, muito menos as duas guerras mundiais. Mas os governos são corruptos e dirigidos por eminências pardas, criminosos de colarinho branco (eu diria que este parte da história não é lá muito alternativa...).

Atenção! contém spoilers!

A magia está por conta de Fátima, uma das meninas e da investigadora Irina, que são videntes. A aventura fica por conta dos ataques do "fantasma" e da luta final com o vilão (normalmente um ponto forte do autor). O humor está presente no comportamento de alguns personagens e na luta final, onde há trechos onde ele assume ares de pastelão (há quem goste...).

O mistério, que deveria ser o mais forte, é bem conduzido até uns dois terços do livro e desanda no final, acaba sendo o principal ponto fraco a história. O desfecho é corrido, resolvendo o mistério no vapt vupt, lembrando os finais de Scooby Doo, com um robô introduzido quase que "do nada", com uma explicação longa e tediosa de Irina, sem o charme da Velma.

Outros pontos a ponderar: o universo criado pelo autor deveria ser introduzido mais claramente. Quem não leu o prefácio de Marcello Simão Branco, quase não percebe esta "história alternativa", que consegue juntar dispositivos de escuta ultra miniaturizados com um mundo sem celulares e escolas num castelo. Ao leitor menos atento parece mais algum anacronismo, proposital ou não, do autor, do que um universo alternativo.

O autor, apesar de não ter uma preocupação fortemente didática, tem alguns lances de professor de primeiro grau, como em cenas em que as moças adoram ter que comer verduras e o uso no texto de palavras difíceis para obrigar o leitor a procurá-las no dicionário. Isso às vezes destoa do clima de diversão do restante do livro.

De positivo, além da aventura e do humor, vale destacar a construção do quarteto de personagens que irá compor uma equipe: Irina e as três moças. Provavelmente Carqueija usará esta equipe em outros textos, dentro deste mesmo universo, como já fez em o Tempo das Caçadoras, editado também pela Scarium. 

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