quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Âncora dos Argonautas

Título: A Ancora dos Argonautas
Autor: Miguel Carqueija
Editora: Hiperespaço & Megalon (amadoras) / Coleção Fantástica
Páginas: 80
Ano: 1999

Sinopse:
duas adolescentes gêmeas com poderes paranormais se envolvem acidentalmente no assassinato de um homem. Isso é apenas a ponta de um iceberg de uma trama que envolve o culto a uma entidade maligna (nada menos que Cthulhu), o Papa e a Âncora dos Argonautas. 

Miguel Carqueija mostra, neste pequeno livro, alguns das características que retomou em seu romance mais recente, Farei o meu destino.
 
Os personagens são adolescentes do sexo feminino, talvez uma tentativa de abordar este tipo de público, meio avesso a histórias de aventuras. 

A enredo começa bem e as meninas nos cativam pela mistura de inocência, ousadia e um poder mágico que elas mesmas não sabem qual a extensão dele. 

Mas Carqueija erra na mão na violência, sobretudo a praticada pelas meninas, que chegam a torturar um prisioneiro. Ainda que fosse necessária a cena de tortura, com certeza algum tipo de drama interno deveria aparecer. 

Mais adiante as meninas comandam um verdadeiro massacre dos vilões, ainda que elas sejam responsáveis só em reverter o ataque de um instrumento mágico. 

Em muitos pontos da narrativa ocorrem cortes abruptos, do tipo as meninas têm um sonho e na cena seguinte estão conversando com a mãe em um outro contexto, fazendo o leitor se perguntar "mas elas não estavam dormindo agora mesmo?", revelando uma decupagem descuidada, já que provavelmente teve que reduzir a narrativa para ela caber em 80 páginas.

A aventura situa-se num futuro próximo, mas ao ler toda a noveleta não temos a sensação de estar no futuro. A única coisa que justifica o futuro são os deslocamentos rápidos, que pressupõe veículos mais evoluídos. Se o autor de quando em quando não fizesse referências não saberíamos que os acontecimentos eram futuros. Uma destas referências era o fato do pai das meninas estar em viagem no espaço, portanto impossibilitado de ajudar. Se fosse no presente, poderia estar no Japão, que o efeito seria o mesmo.

Por outro lado a magia permeia a história a e solução dos problemas são baseadas em poderes especiais vindo de uma magia milenar. O autor poderia ter esquecido o ponto de vista da Ficção Científica e ficado com a magia, sem maiores traumas.

O grande vilão Cthulhu está bem caracterizado e a cena em que as meninas o enfrentam está bem construída, sendo este o ponto forte de sua narrativa.

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