Ficha Técnica
Rumo à Fantasia
Autor: Roberto de Souza Causo (org.)
Editora: Devir (selo Quymera)
Ano: 2009
Ano: 2009
200 páginas
Sinopse: Coletânea de contos reunindo autores nacionais e estrangeiros, de diversas épocas, percorrendo vários estilos de fantasia.
Nesta coletânea de 13 contos, Roberto Causo traça um panorama abrangente, cobrindo várias épocas e vários estilos de literatura de fantasia.
No primeiro conto, "Um habitante de Carcosa", de Ambroise Bierce, escrita em 1886, um homem vaga em busca da sua cidade natal, Carcosa, e subitamente a encontra de uma maneira desagradável e inesperada.
O conto seguinte, de Bráulio Tavares, é "A História de Maldun, O Mensageiro. Trata-se de um exemplo do que Causo chama de "Fantasia Ibérica", situada em Portugal e Espanha, no período que vai da reconquista à colonização do Novo Mundo. Maldun acompanha um cavaleiro à uma zona que lhe é proibida e ambos encontram o mago Carandec. Maldun tenta explicar então o que acontece, sem realmente entender. Os acontecimentos fantásticos são narrados, mas de uma maneira muito particular a partir de um homem com conhecimentos e imaginação limitadas. Os brancos serão preenchidos pelo leitor.
"O Lugar no Mundo", de Daniel Fresnot, nos coloca frente a frente com um duelo de cantadores no Nordeste. Este confronto tem paralelo com o duelo de magos medieval, com um desfecho de caráter mágico e simbólico, já que nenhum dos cantadores poderia ser derrotado.
"Onde caem os anjos", de Jean-Louis Trudel, constrói um cenário onde, numa cidade contemporânea, os anjos aprendem a voar e muitos caem e morrem no processo. A maneira como ele nos conta dá a impressão que isto é um fenômeno corriqueiro.
Em "Faerie, Seguindo As Sombras dos Sonhos", de Rosana Rios, uma mulher, desde sua infância ouve muitos chamados ao reino da fantasia, porém outras vozes sempre foram mais fortes. Rosana Rios faz um belo paralelo entre os quatro elementos e as fases da vida de uma mulher: criança, mulher, mãe e maturidade. Quando haveria tempo para ouvir a voz da fantasia?
Eça de Queirós, pai do realismo na literatura portuguesa, no conto "O Defunto" nos mostra que também domina o fantástico ao nos contar numa fantasia ibérica, a história de um nobre português que, em busca de uma noite de amor proibido, sem saber caminha para uma armadilha, recebe uma ajuda improvável de um enforcado.
"Mensagem na Garrafa", de Cesar Silva, conta a história de um homem preso num edificio comercial, porque não consegue achar a saída. Um alegoria desesperadora sobre a condição humana nas grandes cidades.
"Uma Praga de Borboletas", de Orson Scott Card, conhecido autor de ficção científica, nos narra uma história contada em um clima onírico e surreal, que lembra muito as histórias de Michael Ende, autor de História sem Fim. Neste conto, Amasa busca a cidade mitica de Hirusalem, que esconde um ser fantástico que deve nela permanecer.
Anna Creusa Zacharia nos conta em "O Cavalheiro das Esporas de Ouro" a história de um violinista virtuoso que, após a morte, não encontra paz por que as pessoas acreditam ter ele vendido a alma ao diabo em troca de seu dom e seu filho, apesar de todo o seu empenho naõ consegue enterrá-lo. O conto foi inspirado em fatos da vida do compositor Nicolo Paganini.
Bruce Sterling, conhecido como criador do Cyberpunk nos surpreende com a bela fábula medieval "A Negação". Após uma enchente devastadora, um tanoeiro percebe um comportamento estranho de sua esposa e passa a suspeitar que ela tivesse morrido afogada na enchente e se recusasse a aceitar o fato. O conto pode ser encarado como uma metáfora sobre um relacionamento a dois desgastado em que ambos os parceiros se negam a ver a verdade.
Em "Mapinguari", de Gian Danton, um monstro do folclore amazonense ataca a expedição de um pesquisador alemão, em meados do século XIX. Um bom resgate de um mito e uma boa contextualização deste mito dentro de um acontecimento histórico, a expedição de von Longsdorff ao norte do Brasil.
Causo nos brinda com seu conto de fantasia ibérica, "O Bebedor de Almas". Um aventureiro português, Gil Vasquez é feito prisioneiro dos mouros e deverá enfrentar um demônio que se alimenta das almas dos guerreiros mortos nas batalhas.
Fechando o livro está a utopia "Os que se Afastam de Omelas", de Ursula K. Le Guin. Com muita propriedade, Ursula faz um conto de como as coisas deveriam ser. Ormelas é uma cidade onde as pessoas são felizes. A felicidade é baseada em coisas que estão ao alcance de todos. Não há sacerdotes nem soldados. Mas esta felicidade tem um preço. Por isso há os que abandonam Omelas. Por que? Uma excelente fábula sobre a vida contemporânea.
Quem quiser ter um panorama sobre a literatura de fantasia, este é um bom começo.
Obrigado pela resenha, Álvaro. Espero que tenha gostado da leitura da antologia.
ResponderExcluirAcho muito interessante esse tipo de coletânea. Dá uma visão geral dos estilos dos diversos autores.
ResponderExcluirA resenha está muito boa.
Sonia
Boa noite!
ResponderExcluirMuito bom, obrigado pelas dicas. A viagem pela leitura engrandece a alma.
abraços,
Luiz Mauricio Maia