sábado, 25 de agosto de 2012

Do jeito que você gosta


Título Original: As you like it
Autor: Willian Shakespeare
Editora: Balão Editorial
152 páginas

Sinopse: Desde o título, Shakespeare já anuncia o que vai fazer; uma peça com a única finalidade de agradar o público, ou seja fornecer uma boa diversão. Esta comédia é considerada por alguns críticos como a melhor do autor e nela vamos encontrar a frase que define a filosofia que norteia toda a sua obra: “O mundo inteiro é um palco, e todos, homens e mulheres, atores e nada mais”.

O enredo está centrado no banimento de Rosalinda pelo Duque Frederico, usurpador das terras do pai da moça. Junto com ela foge Célia, filha de Frederico e prima de Rosalinda.

As duas decidem procurar o duque banido, que está sobrevivendo com alguns nobres fiéis na floresta. Rosalinda, para que as duas viajem em segurança, decide disfarçar-se de homem, usando o nome de Ganimedes.

Por coincidência, Orlando, apaixonado por Rosalinda, fugindo de seu irmão que deseja matá-lo, se refugia na mesma floresta e acaba por encontrar as duas fugitivas, sem contudo reconhecer a amada. Rosalinda mantém-se no disfarce e aproveita para ensinar ao jovem como deve cortejar sua amada, fingindo ser... Rosalinda. Para aumentar a confusão, uma pastora se apaixona por Ganimedes. Neste jogo de duplicidade e múltiplos mal entendidos se desenrola a comédia.

Atenção! Spoiler!

Shakespeare contrapõe o mundo palaciano de intrigas e corrupção com o mundo do campo, mais rústico, mas também mais puro e vai conduzindo a peça harmonizando pouco a pouco os opostos e, fazendo jus ao título, dá um final como todos gostariam que acontecesse: muitos casamentos entre diversos pares românticos (alguns de última hora), justiça para os injustiçados e redenção para os maus, que se arrependem dos erros passados. E não tem escrúpulos de usar várias vezes o Deus ex-machina, a inverossimilhança de nem o pai nem o amado reconhecerem Rosalinda e um final feliz que mais parece uma festa de confraternização.


Um ponto a observar: muitos críticos que torcem o nariz para uma literatura de entretenimento, sobretudo o tripé fantasia / horror / ficção científica, aplaudem e tecem loas a este texto de Shakespere que se propõe justamente a entreter a plateia, do jeito que você gosta.

Sobre a Tradução

A Companhia Elevador de Teatro Panorâmico, que encenou recentemente a peça, optou por uma nova tradução visando principalmente trazê-la mais pra perto do público atual. As mudanças no texto original, quando comparadas com outras traduções mais formais, são sutis, mas suficientes para tornar algumas passagens mais próximas do público brasileiro e até salvar algumas piadas que só teriam sentido para um inglês do século XVII. Estas alterações estão destacadas em notas de rodapé, explicadas e contextualizadas pelos tradutores. Um dos exemplos é a substituição de “mostarda e panquecas” por “ameixa e manjar”, mais presentes na mesa dos brasileiros, sem que se perca o sentido do texto.

O texto é precedido por um pequeno ensaio de Marcelo Lazzaratto, ator e diretor da peça, que contextualiza o texto dentro da obra de Shakespeare.

Finalizando há uma entrevista com o diretor e mais três outros atores, onde alguns detalhes da tradução e montagem da peça são discutidos.

Um bom livro para quem aprecia Shakespeare ou uma boa comédia.

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