O humor era típico da época, ou seja,  "espetáculo filmado": uma peça relativamente longa (cerca de uma hora)  exibida num teatro e transmitida ao vivo ou em vídeo tape, sem edição. 
A peça pouco importava, pois era penas uma  forma de costurar gags ou permitir o improviso. O cenário era precário o  que permitia principalmente a Renato Aragão improvisar em cima das  falhas, como na vez em que esconde a arma sob um tapete que fazia o  papel de "gramado". E o texto "mal" escrito permitia que Didi fizesse a  plateia rir ao propositadamente embaralhar as falas, como no dia em que,  numa "dramática" cena de assalto, disse:
-- Quem se chumbar levará mexe!
Não me lembro quando exatamente vieram  Mussum e Zacarias, mas lembro deles na extinta TV Tupi (hoje SBT). Eles  eram humoristas, não apenas escadas e, lentamente, o programa passou a  ser formado por quadros, tanto com todos os quatro como com um solista,  normalmente Didi ou Mussum. 
A crise da Tupi levou o quarteto à Globo. A  Globo tentou enquadrá-los no seu "padrão de qualidade", com redatores  profissionais, efeitos especiais e tomadas externas, mas não deu  resultado. A emissora teve que se render ao humor mais simples e que  funcionava. E ainda funciona. 
Eu cresci e me tornei pai e como parte do  meu papel estava em levar meus filhos ao cinema. Os Trapalhões então  entravam no cardápio. No cinema se tornaram mestres primeiro em  avacalhar clássicos da literatura infanto-juvenil, como a Ilha do  Tesouro e, depois, de block busters como Planeta dos  Macacos e Guerra nas Estrelas.
Alguns filmes eram verdadeiros trash, como  Os Trapalhões na Terra dos Monstros, que teve a participação de  Gugu Liberato, outros tinha uma qualidade mediana e alguns ultrapassavam  as expectativas, um enredo mais elaborado e mais qualidade na direção e  na fotografia. 
Eu tenho na memória como o melhor filme  deles O Casamento dos Trapalhões, onde o quarteto faz uma  adaptação cheia de humor do filme Sete Noivas para Sete Irmãos. 
Esta nunca foi "uma obrigação de pai", já  que eu gostava do grupo e ria junto com meus filhos das piadas ingênuas e  às vezes recicladas inúmeras vezes. 
De qualquer forma, era muito divertido, e  havia sensação de cumplicidade, onde meus filhos viam o que queriam e eu  fingia estar apenas acompanhando e me dava ao luxo de ter de novo  apenas dez anos. 





 
 
Boas lembranças de um tempo feliz, um humor sadio, a infância de seus filhos e você ali curtindo tudo isso tranquilamente.
ResponderExcluirSonia