terça-feira, 16 de março de 2010

Sempre Trapalhões




Comecei a ver Os Trapalhões quando criança, em sua formação original, que, segundo me lembro, era: Didi, Dedé, Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino e passava primeiro na extinta Excelsior, depois na Record, muito antes dela ser de Edir Macedo. 

O humor era típico da época, ou seja, "espetáculo filmado": uma peça relativamente longa (cerca de uma hora) exibida num teatro e transmitida ao vivo ou em vídeo tape, sem edição. 

A peça pouco importava, pois era penas uma forma de costurar gags ou permitir o improviso. O cenário era precário o que permitia principalmente a Renato Aragão improvisar em cima das falhas, como na vez em que esconde a arma sob um tapete que fazia o papel de "gramado". E o texto "mal" escrito permitia que Didi fizesse a plateia rir ao propositadamente embaralhar as falas, como no dia em que, numa "dramática" cena de assalto, disse:

-- Quem se chumbar levará mexe!

Não me lembro quando exatamente vieram Mussum e Zacarias, mas lembro deles na extinta TV Tupi (hoje SBT). Eles eram humoristas, não apenas escadas e, lentamente, o programa passou a ser formado por quadros, tanto com todos os quatro como com um solista, normalmente Didi ou Mussum.

A crise da Tupi levou o quarteto à Globo. A Globo tentou enquadrá-los no seu "padrão de qualidade", com redatores profissionais, efeitos especiais e tomadas externas, mas não deu resultado. A emissora teve que se render ao humor mais simples e que funcionava. E ainda funciona.


Eu cresci e me tornei pai e como parte do meu papel estava em levar meus filhos ao cinema. Os Trapalhões então entravam no cardápio. No cinema se tornaram mestres primeiro em avacalhar clássicos da literatura infanto-juvenil, como a Ilha do Tesouro e, depois, de block busters como Planeta dos Macacos e Guerra nas Estrelas.


Alguns filmes eram verdadeiros trash, como Os Trapalhões na Terra dos Monstros, que teve a participação de Gugu Liberato, outros tinha uma qualidade mediana e alguns ultrapassavam as expectativas, um enredo mais elaborado e mais qualidade na direção e na fotografia. 



Eu tenho na memória como o melhor filme deles O Casamento dos Trapalhões, onde o quarteto faz uma adaptação cheia de humor do filme Sete Noivas para Sete Irmãos



Esta nunca foi "uma obrigação de pai", já que eu gostava do grupo e ria junto com meus filhos das piadas ingênuas e às vezes recicladas inúmeras vezes.

De qualquer forma, era muito divertido, e havia sensação de cumplicidade, onde meus filhos viam o que queriam e eu fingia estar apenas acompanhando e me dava ao luxo de ter de novo apenas dez anos.

Um comentário:

  1. Boas lembranças de um tempo feliz, um humor sadio, a infância de seus filhos e você ali curtindo tudo isso tranquilamente.
    Sonia

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