domingo, 7 de março de 2010

AnaCrônicas

Ficha Técnica

AnaCrônicas – Pequenos Contos Mágicos
Autor: Ana Cristina Rodrigues
Editora: Gráfica e Editora A1
Páginas:90
Ano: 2009

Sinopse: Coletânea de 21 contos breves de fantasia, publicados originariamente na Internet em diversos momentos.


Ana Cristina começa com dois grandes acertos, o título e a capa. Ela escreve seus contos como se fossem crônicas escritas em tempos idos, como se as estivesse presenciando, como um narrador não tão isento, que vive junto aquilo que conta. A capa, que tenta mostrar um pouco do conteúdo, faz reverência imediata a um clássico da literatura fantástica: Alice no País das Maravilhas, mostrando ao leitor o que lhe espera.

Aliás, a referência à Alice está presente no primeiro conto, "É Tarde", com o Coelho Branco correndo por estar atrasado, com um desfecho ligeiramente inesperado, servindo de prefácio para o que vem a seguir.

"Chiaroscuro", um conto sobre uma maga que almeja ser necromante, uma arte restrita aos homens. Seu desejo a leva a ter um contato muito profundo com uma das Sombras que habitam o mundo dos mortos.

"Princesa de Toda a Dor", uma narrativa com ares de lenda indígena.

Em "O Último Soneto", um escritor suicida quer deixar como legado um soneto perfeito.

"A Casa do Escudo Azul", num mundo pós-apocalíptico a cultura é retomada pouco a pouco.

"A Vida na Estante", o mais curto dos contos (cerca de 60 palavras) nos mostra um frequentador muito assíduo das bibliotecas.

"Os Olhos de Joana": o que se podia ver nos olhos de Joana D'Arc?

"O Senhor do Tempo", uma pequena cosmogonia.

"Deus Embaralha, o Destino Corta", uma brincadeira com a frase de Einstein, "Deus não joga dados com o Universo".

"Feitiço Sem Nome", uma bruxa é presa e no desespero esquece o nome de quem deve conjurar pra salvá-la.

"A Dama de Shalot", uma princesa vive numa torra alta e seu contato com o mundo exterior se dá por um espelho de mão onde vê refletida cenas que transforma em bordados.

"Como Nos Tornamos Fogo?", um alquimista apaixona-se pelo objeto de seu estudo.

"Pelo Espaço de um Momento", a paixão de uma jovem pelos livros a leva a conhecer um retrato muito especial.

"Borboleta", uma borboleta de origami é construída pelos sonhos e ilusões de uma mulher.

"Viagem à Terra das Ilusões Perdidas", uma mulher tenta resgatar suas ilusões em lugar que tem essa finalidade.

"O Baile de Máscaras", um filósofo tenta estudar o comportamento das pessoas num baile de máscaras.

"Lenda do Deserto", uma história de amor baseada na mitologia árabe. Uma mulher djin é assediada loucamente pelo djin do vento e é protegida pelo seu marido, o djin da terra.

"O Mapa da Terra das Fadas", uma dona de casa tenta consolar o filho pela morte de seu coelho. O menino parece inconsolável, pois para ele o coelho conhecia o caminho do reino das fadas.

"O Eremita", um velho alerta uma aldeia para o perigo da destruição das florestas e da caça indiscriminada. Em vez de gratidão, recebe o ódio da população.

"Apocalypse NOW!", este "último" conto nos mostra (com humor) como seria o apocalipse num reality show.

Há um conto bônus que realmente fecha o livro: "O Sábio de Osgoroth". No planeta Esmeraldine, o mago de Osgoroth pode realizar qualquer desejo, menos um. É clara referência ao Mágico de Oz.

O livro AnaCrônicas como um todo tem o mérito de ser uma leitura leve e prazeirosa, muito bem escrito, porém alguns contos carecem de originalidade. Por exemplo, "O Eremita" tem uma mensagem ecológica por demais óbvia e "Baile de Máscaras" reconta uma história inúmeras vezes contada, o mesmo ocorrendo com "Viagem à Terra das Ilusões Perdidas".

Já outros revelam um bom exercício de imaginação, como é o caso do excelente "Chiaroscuro", em que há uma sutil passagem do foco narrativo da maga para a sombra que ela conjura. Ou quando ela resolve partir para o humor, como é o caso de "Deus Embaralha, o Destino Corta" e "Apocalypse NOW!"

Em outros, a magia se insinua de maneira sutil, como é o caso do excelente "O Caminho das Fadas" e do mediano "Borboleta".

Merecem destaque também "A princesa de toda a dor", a "Dama Shalot" e "Lenda do Deserto". O primeiro é uma lenda indígena, o segundo, um lenda medieval de caráter arturiano, e o terceiro uma lenda árabe, revelando a versatilidade da autora.
Publicar postagem

Um livro para quem busca uma leitura leve com sabor de magia.

Nerd Shop

Nenhum comentário:

Postar um comentário