Autor: Phill Porter
Tradução e Adaptação: Francisca Braga
Direção: Kleber Montanheiro
Elenco: Ligia Paula Machado e Eduardo Pelizzari
Músico: Jonatan Motta
Sinopse: Sofia é uma jovem solitária que, após a morte do pai, herdou os dois apartamentos onde moravam. Cada apartamento tinha uma entrada independente e apenas compartilhavam o jardim. Precisando de dinheiro, Sofia, aluga a parte inferior do apartamento.
Quem vem habitar ao andar de baixo é o jovem Jonas, tímido e ingênuo. Eles nunca se viram, pois o contrato foi feio por uma imobiliária. Em um momento de ousadia, Sofia resolve mandar pelo correio monitor de wi-fi de uma babá eletrônica que usara para acompanhar o pai doente.
Jonas liga o monitor e a vê na tela, encantando-se.
De curiosidade passa a obsessão, até que ele descobre que ela é a mulher que mora no apartamento de cima e passa a segui-la, começando um jogo mudo entre os dois.
Análise
Blink, do autor inglês Phill Porter, magistralmente faz uma metáfora com nossas relações onde o mundo só parece real se for visto através de uma tela, seja uma TV, um monitor ou um celular. O outro está próximo, mas, ao mesmo tempo, distante. Em vários momentos o público ri ou dos pensamentos e atitudes ingênuas de Jonas ou das tentativas bem ou mal sucedidas de Sofia tentar alcançar a “visibilidade”, mas na realidade percebe-se que rimos de nós mesmos, quando mendigamos um “curtir” no facebook ou tentamos bisbilhotar a linha do tempo de uma celebridade ou mesmo de um amigo.
Blink também mostra uma Londres (que poderia muito bem ser São Paulo) fria, bastante agressiva principalmente para os jovens Sofia e Jonas, o que os leva a valorizar aquele contato indireto que passa a dar significado a suas vidas, talvez temendo que um contado real ainda que breve como um piscar de olhos (daí o nome Blink), quebre o encanto.
Lígia Paula Machado compõe uma Sofia de tal maneira que, paradoxalmente, torna visível sua invisibilidade, como as centenas de pessoas que passam por nós no nosso dia a dia que não deixam nenhum traço em nossas memórias. Pouco a pouco tomamos conhecimento de seu drama, que é bastante simples, mas que ganha dimensões cada vez maiores, não por ser uma grande tragédia, mas que é seu drama pessoal, como o que muitos de nós carregam dentro de si. Algo que se narrado num jornal ocuparia no máximo um parágrafo numa seção obscura, mas que para nós é toda uma vida.
Eduardo Pelizzari faz um Jonas na medida certa. Seria muito fácil transformá-lo numa caricatura, porém Eduardo consegue que ele seja visto com sua timidez e ingenuidade, com humor quando convém e também dando uma atenção especial ao drama de Jonas, que como o de Sofia, é simples e complexo ao mesmo tempo.
A interação entre os dois em cena é muito boa, conseguindo uma boa empatia com a platéia.
A encenação é feita num cenário bem simples e a estrutura narrativa mostra fatos que ocorrem com cada personagem simultaneamente, que guardam ou não relação entre si.
Há apenas um músico no palco, Jonatan Motta, parcialmente oculto por um pano, que toca muito bem o violino, sublinhando algumas cenas.
A peça está em cartaz hoje (08/05/16) no teatro Aliança Francesa, com promoção para o Dia das Mães (mães acompanhadas de um pagante não pagam).
E, de 15 de Maio a 12 de Junho, aos domingos às 19:00 h, no Espaço Promom.
Serviço
O que: Blink, de Phill Porter
com Ligia Paula Machado e Eduardo Pelizzari
Onde: Teatro Aliança Francesa
Rua General Jardim, 182 - Vila Buarque
São Paulo - SP
Quando: 08 de Maio de 2016, Domingo , às 19:00
Espaço Promon Sala São Luiz
Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1830 - Itaim Bibi
São Paulo – SP
Quando: de 15 a 12 de Junho de 2016, Domingo , às 19:00
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