O Prisioneiro
Título Original: The Prisoner
Roteiro: Bill Gallagher
Diretor: Nick Hurran
Produção: Estados Unidos (AMC) / Inglaterra (BBC)
Elenco: Jim Caviezel (6), Ian McKellen (2), Hayley Atwell (Lucy / 415), Ruth Wilson (313), Jamie Campbell Bower (1112) e outros.
Número de episódios: 6
Ano da 1a exibição: 2009
Sinopse: Um homem acorda num deserto sem saber o motivo e onde exatamente está. Assiste uma perseguição de um homem, que vê agonizar, e, neste estado, pede ao homem perdido para dizer a 554 que ele conseguiu sair. O homem perdido segue em frente e encontra um local habitado, que é conhecido por todos como A Vila. Muitos o chamam de 6. A Vila é governada por um homem que se intitula de Número 2.
Sempre foi um desafio interessante fazer um remake da série Cult dos anos 60 (roteirizada, dirigida, produzida e estrelada por Patrick McGoohan). Em primeiro lugar, por ser cult, sempre teria uma legião de fãs apontando defeitos. Em segundo lugar porque a série original era ambientada nos tempos da Guerra Fria, o que gerava boa parte do clima de paranóia reinante e, em terceiro, criar uma boa história, respeitando a proposta original.
O primeiro desafio nunca será vencido. As comparações serão inevitáveis e mesmo que o resultado tivesse sido maravilhoso, sempre haveria quem dissesse “a antiga era melhor”. O segundo desafio foi resolvido muito bem, sem que se apelasse para o terrorismo. Qual é a paranóia dos dias de hoje? A perda da privacidade.
Já sobre o terceiro desafio não se pode dizer que foi vencido totalmente. É certo que foi criada uma boa história, com vários elementos da série original: a vigilância constante, o desespero de 6 em sair de lá, a impossibilidade em confiar em alguém. Porém, algo importante da série foi deixado de lado: as perguntas sem resposta. Na realidade, dentro das muitas interpretações para estas perguntas, e Bill Gallagher (roteirista) e Nick Hurran (diretor) optaram por dar as suas respostas aos enigmas propostos.
Isso não foi feito sem habilidade. O mistério é criado para ser respondido no final, com pistas de diversos tipos que apontam para o desfecho, congruentes com o desenrolar da história. O uso de flashbacks permite revelar aos poucos alguns detalhes da trama.
Os diretores optaram também por dar um único número 2, ao invés de vários, como na série original. Isso criou um antagonista de peso para o Número 6, permitindo um desenvolvimento do personagem. A interpretação do Número 2 por Ian McKellen foi excepcional, roubando a cena.
Por outro lado, o personagem Número 6 perdeu muito da substância que o caracterizava na série antiga, mostrando-se muitas vezes fraco diante de seu opositor ou das pessoas que são usadas para controlá-lo (por exemplo, seu pseudo-irmão e as mulheres: 313 e 415). (Na série original, Patrick McGohan insistiu que seu personagem não se aprofundasse em nenhum dos relacionamentos, principalmente com mulheres, pois o clima de falta de confiança impediria isso). Isso não foi por culpa da interpretação de Jim Caviezel, mas por força do roteiro.
Alguns outros acertos da nova série:
• Presença de crianças, de várias faixas etárias. Isso deu uma verossimilhança maior a A Vila. Na série anterior, só apareceram crianças em um episódio, próximo ao fim da série.
• Introdução de um drama pessoal para o Número 2. Isso dá maior dimensão ao personagem, acentuando sua frieza e cinismo.
• Citações para os fãs da série original. Por exemplo, a bicicleta antiga, pendurada no teto da boate, o clima retrô, algumas cenas, como a da compra do mapa (feita com um certo humor).
• Final surpresa. Mesmo para quem estava esperando isso (embora isso não signifique que o final tenha sido bom).
Alguns erros da nova série:
• “Fechar” a série. O roteiro procura não deixar pontas soltas ao dar congruência ao desfecho, porém parte do espírito da série era deixar as pessoas cheias de dúvidas, mesmo após o final.
• Corte abruptos, com descontinuidades desnecessárias. Isso faz com que se tenha às vezes a impressão de que você deixou de assistir um monte de episódios.
• Seleção de episódios. Na seleção de episódios a serem apresentados (embora quase só se tenha aproveitado o título), ficou de fora o melhor deles: Change of Mind, onde o Número 6 consegue reverter o jogo do Número 2.
• O final desagradou. Se bem que isto também aconteceu com a série original.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCada vez melhor com suas postagens. Não vi a série original, mas estou com muita vontade de assistir essa nova.
ResponderExcluirOutra coisa, te mandei um e-mail, quando puder me respondem, beleza?
que a força esteja sempre com você