sexta-feira, 18 de junho de 2010

Poe – 200 anos

Poe – 200 anos
Contos Inspirados em Edgar Allan Poe
Autor: Maurício Montenegro e Ademir Pascale (organizadores)
Editora: All Print
Ano: 2009
137 páginas

Sinopse: Reunião de contos escritos em homenagem ao bicentenário do nascimento de Edgar Allan Poe, comemorado em 2009.

A influência de Poe, tanto no mainstream como na literatura de gênero (ele militou nos gêneros Terror e Horror e é tido como criador do gênero policial), é inegável. Diante da oportunidade da comemoração dos 200 anos do nascimento do escritor, Ademir Pascale e Maurício Montenegro reuniram 22 autores para que cada um, à sua maneira, escrevesse um conto que remetesse à obra do autor.

A tarefa parece hercúlea, pois Poe é um mestre na escrita do conto. Os autores foram desafiados a colocar no papel histórias que não fossem uma simples imitação do mestre e também lhe fizessem jus.

Após ler o livro tive a sensação de que a tarefa foi muito bem cumprida. Os autores buscaram a reverência sem exageros ao se inspirarem em Poe para compor seus textos. Há ótimas releituras de O Barril de Amontilado, O Corvo, O Poço e o Pêndulo, A Máscara da Morte Vermelha, O Coração Delator, O Gato Negro,  entre outros.

O fato de ser uma homenagem, permeada por citações à obra de Poe,  esta coletânea será melhor aproveitada pelos leitores que conhecerem um pouco do autor. Porém isto não afasta outros públicos, que podem se beneficiar de uma boa leitura e talvez fiquem interessados em conhecer o escritor homenageado.

Alguns autores optaram por recontar a história de um outro ponto de vista,com destaque para Inferno no Circo, uma “continuação” de Os Crimes da Rua Morgue, onde o ponto de vista é do gorila, tão vítima quanto as pessoas que ele matou. Como este, há outros que colocam acontecimentos posteriores como anteriores ao enredo do conto clássico, um deles assumindo ares de um futuro distante, um verdadeiro texto de Ficção Científica: A Máscara de Vênus. Louco, eu? recria magistralmente o clima de O Coração Delator. Outros ainda apenas citam em outro contexto personagens de vários contos e passagens da vida de Edgar Allan Poe, como é o caso de Relíquia, onde um museu abriga objetos que remetem ao mestre. Neste mesmo tipo de contexto se insere Intermezzo, que brinca justamente com a condição dos contistas desta coletânea: a impossibilidade de se igualar a Poe.

Dupin, o precursor de todos os detetives, também está presente, numa versão bem humorada,  no conto O Quarto Caso de Dupin, onde o detetive tem que encontrar uma pessoa desaparecida em 24 horas, tendo como pista apenas uma vaga descrição. O humor sutil e inteligente contrasta com o aspecto sombrio da maiora dos contos.

Por outro lado houve uma super-exposição de Gato Negro, aparecendo em diversos textos, tanto como referência, como releitura, o que pode desagradar a alguns leitores, ainda que cada autor tenha dado um enfoque diferente ao mesmo conto.

Complementando o livro, há o excelente prefácio de Miguel Carqueija, um assumido admirador de Poe, que soube sintetizar muito bem tanto a vida e obra do autor, como o espírito da coletânia.

Poe – 200 anos é um bom livro para admiradores de Poe e da Literatura Fantástica ou para quem deseja apenas uma boa leitura dentro do gênero. Para quem não conhece Edgar Allan Poe, e quiser aproveitar um pouco mais da coletânea, recomendo a leitura de Estórias Extraordinárias.

5 comentários:

  1. Poe, sempre genial.
    Bem lembrada a homenagem.
    Sonia

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  2. Olá, navegando pela internet encontrei e li a sua resenha hoje. Gostei dos comentários e dos pontos positivos e negativos que levantou. Realmente é impossível se igualar ao Poe, mas a obra ficou bem satisfatória. Um forte abraço,

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  3. Olá!
    Fico satisfeito ao ler essa resenha, onde meu conto Inferno no Circo é citado positivamente, sobretudo porque sempre o considerei inferior em relação a vários outros da antologia, que souberam criar um clima bem característico dos textos do mestre Poe.
    Obrigado e parabéns pelo blog, que passo a seguir.
    Abraço!
    Jocir Prandi

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  4. Olá Alvaro!
    gostei da tua resenha, principalmente como participante da coletânea :-) foi imparcial e justa. posso postá-la no meu blog, claro, com as devidas referências?
    voltarei mais vezes,
    tenha uma ótima semana,
    Deborah

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  5. Olá

    Sua frase " Os autores buscaram a reverência sem exageros ao se inspirarem em Poe para compor seus textos. " foi muito bem colocada. Esse era o objetivo da coletânea onde a idéia central era apenas a inspiração em Poe sem fugir da maneira individual de contar uma história.

    Obrigado e um grande abraço.

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