Avalovara
Autor: Osman Lins
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2005 (6ª Edição)
384 páginas
Sinopse: O leitor é convidado a a percorrer
um labirinto de letras que identificam capítulos, onde é narrado de forma fragmentária
e superposta o relacionamento de Abel com três mulheres: Cecília, Roos e uma
que é só identificada por um símbolo.
No labirinto aparece
outras histórias: a do suposto pergaminho da Biblioteca Marciana de Veneza (de Marcos, não de Marte) que contém o quadrado mágico com a
frase em latim: SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, a do relógio de Julius
Heckethorn, a história da personagem representado por um símbolo e a história
do próprio Abel.
A distribuição dos
capítulos segue uma sequencia ditada por dois parâmetros: o quadrado mágico com
a frase latina e um a espiral que o percorre.
Assim o primeiro
capítulo seria R do canto superior direito (a primeira letra a ser tocada pela
espiral), seguindo pela letra S, do canto inferior direito, depois R novamente
(canto inferior esquerdo e assim sucessivamente, até a letra N (única letra que
não se repete), no centro do quadrado, onde teoricamente termina a narrativa.
Cada uma das letras
identifica uma das narrativas. Por exemplo, a letra S conta a história do
escravo frígio que inventara este quadrado para seu senhor romano.
O leitor pode assim
ter várias experiências de leitura: ler seguindo a sugestão da espiral,
ler todos os trechos com a letra R, e depois O e assim por diante, ler
seguindo uma ordem aleatória, e quantas inventar, como o próprio quadrado
mágico sugere, já que qualquer sentido de leitura fornece sempre a mesma frase.
O livro não é somente
uma forma diferente de escrever, mas tem muitas boas histórias a contar, todas
marcadas pelo o fantástico e com um teor erótico bastante manifesto. E todas
convergem para o mesmo desfecho, na letra N.
Atenção!
Spoilers!
Por exemplo, o relógio
de Julius Hockethorn é uma máquina construída não como um relógio mas como
modelo do universo, onde contar as horas é de menor importância.
Ou máquina que
um dos personagens vê sobre sua cama, que pode ou não ser uma alucinação.
Ou o
ser que dá nome ao livro: Avalovara seria um pássaro gigantesco formado por
milhares de pássaros pequenos (a própria metáfora do romance).
Ou ainda, uma das personagens que sofre uma queda e tem uma morte aparente quando criança. A partir de então passam a coabitar em seu corpo duas pessoas: uma, com a sua idade real e outra, ela mesma como se tivesse nascido naquele dia.
E cada uma das
mulheres com quem se relaciona tem um aspecto diferente do relacionamento
erótico: Cecília, tumultuado, Roos, cheio de desencontros e a personagem sem
nome, intenso.
Avalovara seria o que
eu classificaria como Obra Prima e recomendo fortemente sua leitura.
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