segunda-feira, 16 de julho de 2012

Avalovara - Um romance literalmente fantástico


Avalovara
Autor: Osman Lins
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2005 (6ª Edição)
384 páginas

Sinopse: O leitor é convidado a a percorrer um labirinto de letras que identificam capítulos, onde é narrado de forma fragmentária e superposta o relacionamento de Abel com três mulheres: Cecília, Roos e uma que é só identificada por um símbolo.

No labirinto aparece outras histórias: a do suposto pergaminho da Biblioteca Marciana de Veneza (de Marcos, não de Marte) que contém o quadrado mágico com a frase em latim: SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, a do relógio de Julius Heckethorn, a história da personagem representado por um símbolo e a história do próprio Abel.



A distribuição dos capítulos segue uma sequencia ditada por dois parâmetros: o quadrado mágico com a frase latina e um a espiral que o percorre.



Assim o primeiro capítulo seria R do canto superior direito (a primeira letra a ser tocada pela espiral), seguindo pela letra S, do canto inferior direito, depois R novamente (canto inferior esquerdo e assim sucessivamente, até a letra N (única letra que não se repete), no centro do quadrado, onde teoricamente termina a narrativa.

Cada uma das letras identifica uma das narrativas. Por exemplo, a letra S conta a história do escravo frígio que inventara este quadrado para seu senhor romano.

O leitor pode assim ter várias experiências de leitura: ler seguindo a sugestão da espiral, ler  todos os trechos com a letra R, e depois O e assim por diante, ler seguindo uma ordem aleatória, e quantas inventar, como o próprio quadrado mágico sugere, já que qualquer sentido de leitura fornece sempre a mesma frase.

O livro não é somente uma forma diferente de escrever, mas tem muitas boas histórias a contar, todas marcadas pelo o fantástico e com um teor erótico bastante manifesto. E todas convergem para o mesmo desfecho, na letra N.

Atenção! Spoilers!

Por exemplo, o relógio de Julius Hockethorn é uma máquina construída não como um relógio mas como modelo do universo, onde contar as horas é de menor importância. 

Ou máquina que um dos personagens vê sobre sua cama, que pode ou não ser uma alucinação. 

Ou o ser que dá nome ao livro: Avalovara seria um pássaro gigantesco formado por milhares de pássaros pequenos (a própria metáfora do romance).

Ou ainda, uma das personagens que sofre uma queda e tem uma morte aparente quando criança. A partir de então passam a coabitar em seu corpo duas pessoas: uma, com a sua idade real e outra, ela mesma como se tivesse nascido naquele dia.


E cada uma das mulheres com quem se relaciona tem um aspecto diferente do relacionamento erótico: Cecília, tumultuado, Roos, cheio de desencontros e a personagem sem nome, intenso.

Avalovara seria o que eu classificaria como Obra Prima e recomendo fortemente sua leitura.

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Avalovara, Osman Lins, Companhia das Letras. Livraria Cultura.



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