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Editora: Panini
Páginas: 336
Ano: 2007
Há aproximadamente 40 anos atrás, mais precisamente no dia 13 de maio de 1967 surgiu para o publico paulista, nas tardes de segunda à sexta, na recém criada TV Bandeirantes, uma série de desenhos animados batizada de Super Heróis Shell. Paralelamente, nos postos Shell, foram lançados números zeros três revistas pela Editora Ebal: Capitão América e Homem de Ferro, Hulk e Príncipe Submarino e Thor.
Isso causou uma revolução na edição dos quadrinhos do Brasil, ampliando seu público e trazendo de forma sistemática e contínua a presença da Marvel no país.
A edição comemorativa, lançada pela Panini Comics, narra cada um dos eventos importantes desta trajetória, marcada por trocas de editoras, crises de queda de público e acertos e erros nas políticas editoriais. No texto introdutório de Gonçalo Junior e Fernando Lopes, a história da edição da Marvel no Brasil é bem destrinchada, exceto na parte da Abril, onde os cortes absurdos que a editora praticava foram suavizados na matéria.
Além de contar esta história, os editores pinçam deste vasto e rico passado 14 histórias para tentar pegar um pouco do espírito da Marvel no Brasil.
Qualquer seleção vai incluir alguma coisa e excluir muita coisa e por mais que se tente ser objetivo ou imparcial, a escolha recairá nas preferências pessoais do editor e sempre ficaremos nos perguntado por que estas e não outras histórias.
Creio que o editor conseguiu captar o espírito da Marvel ao selecionar a primeira aparição do Galactus (“A Incrível Saga do Surfista Prateado”) ou a saga “Dias de um Futuro Esquecido”, dos X-Men. Mas falha ao tentar captar o espírito da Marvel no Brasil.
As histórias são as seguintes Quarteto Fantástico - A incrível saga do Surfista Prateado de Stan Lee (roteiro), Jack Kirby (desenhos); Os Vingadores - O assassino de deuses de Jim Shooter (roteiro), John Byrne (desenhos); Homem de Ferro - Demônio na garrafa de David Michelinie (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos); X-Men - Dias de um futuro esquecido de Chris Claremont (roteiro) e John Byrne (desenhos); Demolidor - Roleta Russa de Frank Miller (roteiro e arte); Homem-Aranha - O menino que colecionava Homem-Aranha! de Roger Stern (roteiro) e Ron Frenz (desenhos); Capitão América - Lar em chamas de Roger Stern (roteiro) e Frank Miller (desenhos); Wolverine e Chispinha - Animal ferido de Chris Claremont (roteiro) e Barry Windsor-Smith (argumento e arte); Estigma de Jim Shooter (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos); Homem-Aranha 2099 de Peter David (roteiro) e Rick Leonardi (desenhos); Hulk - Para que as trevas não sobrevenham de Peter David (roteiro) e Gary Frank (desenhos); X-Men Millennium - Não tem de ser assim de Mark Millar (roteiro) e Adam Kubert (desenhos); Esquadrão Supremo - Contato de J.M. Straczynski (roteiro) e Gary Frank (desenhos).
Ao se ler as histórias não se sente a passagem do tempo e o efeito das mudanças de políticas editoriais: a ausência de cronologia até a chegada da editora Abril (estabelecendo uma cronologia brasileira, pondo ordem na casa), as mudanças nos critérios de tradução (por exemplo, o português corretíssimo e pasteurizado da Ebal e a sua mania de mudar nome de personagens, o excesso de carioquês da RGE e a tradução feita de acordo com o falar próprio personagens que hoje é praticada).
Merece destaque a edição fac-similada do numero zero do Capitão América e Homem de Ferro da Ebal, que acompanha a edição. Nele pode se sentir três coisas a respeito da Ebal:
Português corretíssimo. Esta era uma preocupação da Ebal em todas as suas publicações visto que havia um preconceito generalizado na época contra os quadrinhos como uma fonte de “deseducação”.
Mudança de nomes de personagens: quem são Felisberto e Pimentinha que aparecem no Homem de Ferro?
Ausência de cronologia. Em sua “primeira” aventura, o Homem de Ferro enfrenta diversos ex-inimigos em sonho cujas histórias só serão publicadas bem mais tarde.
Álvaro A L Domingues
publicado originalmente no Homem Nerd em 21/01/2008
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