sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Zork - um clássico


Um dia, lá pelo meio ano de 1977, um grupo de nerds do MIT -- Bruce Daniels , Dave Lebling, Mark Blank e Tim Anderson -- em suas horas de folga desenvolveram o que pode ser considerado o primeiro jogo interativo para computadores.

O nome "Zork" foi tirado de uma gíria interna do MIT para programas inacabados e de, certa forma, um programa interativo que não tem fim.

Fãs do RPG Dungeons & Dragons e do clássico da literatura fantástica Senhor dos Anéis, os nerds do MIT desenharam um labirinto que deveria ser percorrido num reino fantástico subterrâneo. O herói da história andava às escuras percorrendo corredores, entrando em salas, enfrentado armadilhas, vilões e monstros, achando tesouros etc. Nada muito diferente de milhares de jogos que você já deve ter jogado. Há uma diferença contudo.

O programa foi desenvolvido para um mini computador PDP-10 da DEC, numa linguagem derivada do Lisp e ocupava quase toda memória da máquina de fantásticos 1 MB (eu disse isso mesmo: hum MB) e não tinha NENHUMA imagem!

Os comandos eram dados em texto em uma linha de prompt (representado por >) e o computador dava respostas por escrito ao aventureiro, contando o que tinha acontecido.

Algo como:

Você está em uma caverna. Nesta caverna há duas saídas, uma ao norte e outra a leste.
> EXAMINE

Não há nada aqui.
> VÁ PARA O NORTE 

Você chegou em uma sala. Há duas saídas uma ao norte e outra a leste.

> EXAMINE


Há uma lança, um saco de moedas e uma poção de saúde.

> PEGUE A LANÇA, O SACO DE MOEDAS E A POÇÃO


Você agora tem uma lança e um saco de moedas e um pote de poção.

> VÁ PARA O LESTE

Em 1980 os nerds do MIT fundaram a Infocom e adaptaram o programa pra os recém lançados computadores pessoais: Apple II, TRS-80 e posteriormente para o PC. O produto foi um sucesso, tendo posteriormente várias versões, Zork II, Zork III, Zork Quest, Zork Quest II, Zork, The Return e Zork Zero.

Por que Zork é importante?

Apesar de ter sido superado tecnologicamente por inúmero games, o algoritmos destes jogos, no que diz respeito às decisões tomadas e o que o jogador encontra são os mesmos, bem como a forma de programar os objetos de cena. Por exemplo, o que faz uma lança ou uma tocha? Ou o que vou encontrar se for para a direita? Pois é, a turma de nerds criou todos estes conceitos.

Além disso, Zork é divertido, mesmo para quem já acostumou com imagens em profusão e inteligência artificial controlando os personagens. A forma de pensar sem a geração de imagens pelo computador estimula tanto o hemisfério esquerdo (todos os comandos são lingüísticos) e o direito (muitas vezes você terá que criar uma imagem mental do que está acontecendo). Ficará ausente contudo a rapidez de reflexos, muito necessária nos jogos atuais (aliás, isso pode ser visto como vantagem por alguns jogadores que gostam de pensar mais e tem menos habilidades "digitais").

Dicas Nerd: Para quem ficou curioso, o Zork em suas principais versões está disponível para download no site da Intercom.


Álvaro A. L. Domingues
Publicado originalmente no Homem Nerd em 21/02/2008

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