Fantástica Literatura Queer – Volume Vermelho
Organizadores: Rober Pinheiro, Cristina Lasaitis
Autores: Alliah, Camila Fernandes, Cesar Sinicio Marques, Rogério Paulo Vieira, Mônica Malheiros, Laura Valença Guerra, Cristina Lasaitis. Prefácio: Luiz Mott.
Sinopse: Coletânea de contos tendo por diretriz a diversidade tanto de estilos, gêneros (fantasia, horror e ficção científica) e sexualidade.
Rober Pinheiro e Cristina Lasaitis quando se lançaram nesta empreitada propuseram um trabalho sério, onde o quesito principal deveria ser a qualidade dos textos. Limitaram um contorno onde a diversidade sexual deveria estar em pauta, como tema ou pelo menos cenário. Não restringiram a participação dos autores ao meio LGTB, mas colocaram limitantes no sentido de excluir qualquer texto com manifestação de homofobia ou de sexismo.
O resultado tanto da quantidade de textos participantes (que demandou uma maratona de leitura dos organizadores), que acabou gerando dois volumes (este, vermelho e outro, laranja) como da qualidade (que pude observar neste volume) foram surpreendentes.
Tanto a capa (fotografia de Katrina Brown) como o projeto gráfico (de Richard Diegues) foram primorosos.
Cada um dos contos é finalizado com um comentário do autor ou de um dos organizadores onde se contam suas motivações na feitura do texto. Isso dá algumas informações extras que permitem ao leitor sentir um pouco quem é aquela pessoa que escreveu aquele conto.
Fechando o volume há uma pequena biografia de cada um.
Uma grande sacada a é a ausência de índice.
Morgana Menphis contra a Irmandade Gravibramânica - Alliah
De longe o texto mais divertido da coletânea. Morgana Mephis é uma cantora pop que entra numa batalha contra uma tentativa de genocídio de uma raça alienígena que optou por adquirir de forma artificial sua sexualidade, inexistente no seu planeta de origem. A autora optou por levar tudo ao extremo, tanto a diversidade sexual como as reações homofóbicas em especial as pautadas em convicções religiosas ou políticas. Isso torna o conto extremamente movimentado e, em alguns momentos, carregados de um humor cáustico. Tanto Morgana como sua companheira Amadahy são duas heroínas excelentes. O conto da vontade de ler mais coisas da autora, em especial se tiverem pelo menos uma das duas em ação.
É foda existir – Camila Fernandes
Num texto belíssimo, uma pessoa conta seu amor por outra. Tanto o gênero como a orientação sexual delas vão surgindo lentamente e o desenrolar do final também. Esta forma poética de narrar é o grande destaque do conto.
Eu tenho um disco voador na garagem – Cesar Sinício Marques
Este é um conto que trata da descoberta da homossexualidade por dois jovens, que tem que lidar com as próprias incertezas. Tão imponderáveis quanto à possibilidade da existência ou não de vida em outro planeta. Perfeito, desde o título.
Alternativa A – Rogério Paulo Vieira
Diante de um desastre, a comandante de uma nave tem que tomar uma decisão. Optará por uma decisão racional esquecendo seus sentimentos? O que é uma decisão “racional”? O conto discute a racionalização do ato de esconder a orientação sexual em função da sociedade.
Distúrbia – Monica Malheiros
Um jogador perde algo muito importante em um jogo. Um conto que mistura horror com erotismo e coloca a questão das relações onde há submissão. Quem realmente está no controle?
Eros – Laura Valência Guerra
Um jovem às voltas com sua orientação sexual recebe a visita de um anjo. O conto procura deslindar os meandros da mente em dúvida do jovem, o anjo simbolizando a sua redenção diante de si mesmo. Muito bom!
Sal e Fogo – Cristina Lasaitis
A relação tumultuda de amor e ódio entre duas irmãs. O conflito entre as duas tem como panorama um conflito maior entre o Deus e a Deusa. Entre o socialmente aceito e o comportamento incestuoso das duas. E finalmente, entre o sagrado e o profano, em uma falsa dicotomia. Prosa poética de primeira, mesmo quando a protagonista-narradora despeja seu ódio verborragicamente.
Olá, Alvaro!
ResponderExcluirQue bom que curtiu o conto! Pretendo continuar trabalhando com as personagens e expandir esse universo.
Abraços,
Alliah.
Álvaro,
ResponderExcluirDesde o início, buscamos fazer da FLQueer algo diferente, que trouxesse um ar novo para a FC&F nacional.
Tivemos a sorte de contar com excelentes autores que nos brindaram com excelentes histórias. Mas, nosso grande desafio sempre foi, de fato, o leitor; criar uma coletânea sem amarras, que pudesse ser lida e apreciada por todos os públic@s.
Ler a tua resenha do Vol. Vermelho só nos mostra o quão felizes fomos nesse projeto.
Muitíssimo obrigado pelas palavras.
Abraços
Oi Álvaro! Obrigada pela resenha! Pode postá-la no Skoob??
ResponderExcluirBeijos
Cris