Nesta última quinta feira, 28/04/2011, no encontro dos Escritores de Quinta, foi discutido sobre best sellers. Na realidade procurou-se tentar levantar a imagem que cada um do participantes tinha do best seller, e conceitos e preconceitos em relação este tipo de produto literário.
A discussão me fez lembrar de um compositor de operetas: Offenbach
Ele era um compositor alemão, radicado em Paris no período conhecido como La Belle Epóque, onde o mote era Vinho, Mulheres e Canções (um Sexo, Drogas e Rock´n´roll retrô), e também virtuose do violoncelo sendo comparado em talento a Liszt (aliás, Liszt e Paganini pareciam popstars da época, com legião de fãs e tudo).
Ele começou a compor em 1858, esteando com Opereta Orfeu no Inferno, onde pela primeira vez usou o tema que o tornou famoso: a dança burlesca Can-can.
A opereta é uma peça curta de um ato só, geralmente de tema cômico ou romance água com açúcar, e era dirigido à classe popular, enquanto que a ópera, com temáticas mais variadas, era a dirigida à classe média e alta. Seu grande apelo popular deu fama e fortuna a muita gente, entre agentes teatrais, atores e compositores.
Offenbach, diante do sucesso de sua primeira obra, continuou a compor para o gênero, ganhando muito dinheiro com isso. Era criticada pela falta de complexidade de sua música, pois segundo a crítica, era possível tocá-la apenas com dois dedos no piano.
Todavia ele, aparentemente pouco se importava com estes comentários, fazendo um sucesso após o outro, até que após uma malograda tournée pelos Estados Unidos, onde perdeu grande parte de sua fortuna, arrependeu-se, segundo ele mesmo, de ter “desperdiçado talento com composições de baixa qualidade” e compôs uma ópera seria, “Os Contos de Hoffman”, que ele não viu ser encenada por ter morrido, poucos dias antes da estréia, aos 60 anos.
“Contos de Hoffman” foi um sucesso, tendo 101 apresentações e é considerada hoje uma obra prima. Todavia suas operetas também são bem aceitas pela crítica de hoje e ainda são encenadas.
Offenbach, ao escolher a temática para sua ópera séria, usou um autor de literatura fantástica, Hoffmann (veja este texto: A Mulher Vampira), que também era músico e crítico musical e foi o primeiro a reconhecer o talento de Beethoven.
Hoffmann, em certo momento de sua vida, abandonou parcialmente a literatura e outras atividades artísticas, retornando à carreira de magistrado, por falta de dinheiro.
Todas estas considerações estão aí para ser uma pequena provocação: O que é o bom ou ruim em arte quando estamos inseridos no momento histórico em que ela está sendo produzida?
Vemos o fenômeno da art pop influenciando toda a produção artística em seus vários estratos. É um questionamento eterno precisar o conceito de arte mas que não se confunda o popular com o vulgar. Estamos assistindo a muitos grafiteiros serem consagrados como verdadeiros artistas na acepção da palavra, atualmente.
ResponderExcluirParabéns a Ofenbach por ter provocado toda essa discussaõ.
É a sempre nova discussão da pirâmide: quanto mais conteúdo acessível disponível, mais gente interessada (e capacitada) a vasculhar o degrau de cima, consumidno e/ou produzindo.
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