Autor: Luiz Bras
Editora: Terracota
Ano: 2011
128 páginas
Sinopse: Coletânea de artigos e crônicas de Luiz Bras publicado no jornal virtual de literatura O Rascunho, centradas no ato de escrever, sobretudo Ficção Científica e gêneros afins.
Os textos de Luiz Bras têm a principal função provocar o ato de pensar, que deveria ser comum em quem escreve ou simplesmente lê, por necessidade ou por prazer.
A matéria prima está ali, desde o primeiro texto, “O infinito: um delírio”, onde o conceito de infinito e de eternidade são buscados a partir de um acontecimento simples: um fila de banco. E termina com a citação do filme O Feitiço do Tempo e do conto de Borges, Tlön. Meu lado de fã lamenta que ele não incluiu o excelente Matadouro 5, de Kurt Vonnegut Jr.
O texto seguinte, “Fim do papel, fim da poesia”, discute as mudanças provocadas pela introdução das tecnologias digitais que pretendem substituir o livro em papel. Será mesmo que o fim do papel significará o fim da poesia?
“Escolha um futuro”, é exatamente o exercício que todo autor de FC deve fazer. Porém, o que este pensar no futuro realmente retrata?
“Convite ao mainstream”, foi uma provocação que Luiz lançou aos autores do mainstream, tentando fazê-los enxergar primeiro a estagnação da ficção literária no Brasil e, depois, fazê-los ver que a salvação poderá vir dos rejeitados “bárbaros”, os autores de Ficção Científica. Este artigo teve uma repercussão grande no meio da FC, a partir da intervenção, de Roberto Causo, no seu espaço no Terra Magazine.
O artigo seguinte, “Um bárbaro que se preze não vem para o chá das cinco”, é assinado por Roberto Causo, e retrata a posição pessoal deste autor em relação ao artigo anterior. Causo se diz um iconoclasta, pelas suas posições dentro e fora do fandom de FC.
E o que acontece quando um autor de mainstream, atendendo ao convite, resolve optar por escrever FC? Em “Cinco erros” alguns escritores de FC convidados apontam quais os erros mais graves que estes autores cometem.
E a crítica, como se comporta? Em “Duas elites”, Bras convida escritores, críticos e editores para comparar o comportamento crítica acadêmica e da crítica da literatura de gênero e destaca os princípios norteadores de cada uma delas.
Em “Três leis”, Luiz Bras usa as três leis da robótica de Azimov para indicar, por similaridade, os princípios básicos que norteiam sua escrita.
Em “Sabedoria Secreta”, Bras questiona sobre os contos de fadas de tradição oral que foram terrivelmente mutilados pelos seus compiladores, para adequá-los à sua época ou expurgar trechos mais picantes ou violentos para poderem ser entendidos por crianças.
Em “Olha mamãe, uma cor voando”, comenta a forma de escrever do poeta Leo da Cunha, que segundo ele, é capaz de “captar inocências”, como a da frase que dá título ao artigo.
Em “Encontro com o autor personagem”, a escritora Índigo é analisada, do ponto de vista de ser ela muito parecida com suas personagens.
“O autor e seu editor”, nos trás o eterno conflito entre estas duas figuras importantes que dão vida a um livro. Termina com uma bem humorada coleção de modelos de cartas de recusa, de acordo com as diversas posturas e personalidades de editores. Hilariante, independentemente do lado em que você está da missiva (remetente ou destinatário).
“Elogio do acaso” aponta a importância do fator sorte em relação ao sucesso de um livro e do poder da insistência na sua busca. Afinal, é acaso ou perseverança (teimosia)?
Será que a nossa infância é algo que pode ser resgatado? Foi mesmo um paraíso ou isto é um mito? É o que é discutido em “Paraíso perdido: a infância”.
O artigo “Morte e imortalidade” discute nosso destino final e o nosso desejo de que ele nunca chegue.
Fechando o livro, a crítica mais uma vez é abordada no artigo ”Crítica é cara ou coroa”. Nele, Bras aponta que a crítica aceita ou rejeita um texto de acordo com um modelo de civilização que o autor da crítica aceita como válido.
Podemos afirmar que todos os textos cumprem o seu papel de nos fazer pensar e, ainda que discordemos dele, alguma vezes sequer teríamos pensado na questão se ele não tivesse levantado a bola.
A resenha é boa. Dá uma noção do que vai ser encontrado no livro. Só uma correção: Índigo é uma escritora.
ResponderExcluirObrigado, Luiz. O Texto foi devidamente corrigido.
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