quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Kaori e Samurai sem Braço

Kaori e o Samurai sem braço
Autor: Giulia Moon
Ilustrações: Giulia Moon
Editora: Giz Editorial
Ano: 2012
200 páginas

Sinopse: O grande terremoto seguido por um tsunami no Japão em 2011 traz a Kaori lembranças de outro grande terremoto, ocorrido lá em 1782. Nesta época, ela encontra-se com um samurai e uma kitsume, espécie de mulher raposa. Ambos estão em busca de um terrível monstro sobrenatural que se alimenta de almas e apossa-se dos seus corpos. Kaori se reúne a eles.

O livro conta esta história em tom de conto de fadas, onde uma miríade de criaturas da mitologia nipônica e personagens do Japão medieval desfilam para deleite do leitor. Há um destaque especial para a kitsume, de nome Omitsu, uma raposa que adota a forma de uma mulher. Seu comportamento é bem travesso, trazendo humor e alegria ao desenrolar da história. Mas que não se engane o leitor: se necessário for, sobretudo para defender seu mestre, a alegre kitsume é capaz de coisas terríveis. O esmero na criação deste personagem fez com que sentisse vontade de encontrá-la mais vezes em outras histórias deste universo.



Ilustração interna do livro
Kaori e o Samurai sem braço

O samurai, Kitarô, também é um personagem que me deixou saudade ao término da aventura. Amargurado com a morte de sua família (esposa, o irmão e os pais), sai em perseguição ao monstro responsável por isso, o Shinkû, tornando-se matador de bakemonos (demônios). É nesta senda que Kaori se introduz, ao ser salva por Kitarô, que vê nela alguém que pode ajudá-lo nesta busca, apesar dela ser também uma bakemono.

O convívio forçado pela necessidade e o compromisso de “um ano e nem mais um minuto” entre Kaori e Kitarô aos poucos vai se transformando em um relacionamento de tolerância primeiro, depois, de amizade.

Spoiler:
Assim, de monstro em monstro vão seguindo a pista do terrível Shinkû, uma senda formada por aventuras cada vez mais perigosas, até o confronto final entre dois grandes adversários: o monstro com séculos de experiência e o samurai com vontade férrea motivada pelo desejo de vingança. 

O clímax do livro é muito bem conduzido, sendo o maior inimigo de Kitarô a verdade que ele não quer ver.

Um detalhe de estilo 

Giulia Moon abre a história com um prólogo onde Kitarô, à beira do inferno, ouve o chamado de Kaori. Pouco depois muda para o século XXI onde Kaori conversa com Takezo (outro samurai, personagem que aparece nos livros anteriores) discutindo sobre o terremoto e isso leva a lembrar-se de Kitarô. Parenteses abertos que serão fechados no devido tempo. Isso cria na cabeça do leitor um gancho forte para ele continuar a leitura. 

Ao terminar o livro, Kaori opta por um fechamento típico de conto de fadas, um outro gancho, este gerando expectativas:

"Bem, mas isso é uma outra história que será contada em uma outra ocasião."

Excelente leitura!

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Kaori e o Samurai sem braço. Giulia Moon. Giz Editorial. Na Livraria Cultura.

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