Dieselpunk – Arquivos Confidenciais de uma bela época
Autores: Carlos Orsi, Tibor Moritz, Octávio Aragão, Hugo Vera, Gerson Lodi-Ribeiro (organizador), Antonio Luiz M. C. Costa, Cirilo Lemos, Sid Castro e Jorge Candeias
Editora: Draco
Ano: 2011
384 páginas
Sinopse: Depois do vapor, vaio o Diesel. Na linha do retrofuturismo, inaugurada com o gênero Steampunk, o Dieselpunk coloca como motor principal da sociedade o óleo diesel e se situa normalmente entre guerras, às vezes avançando até os anos 50. Como o Steampunk, os escritores imaginam artefatos e alternativas históricas, possíveis mas não realizadas durante o período retratado.
A Fúria do Escorpião Azul – Carlos Orsi
O escorpião Azul é um herói num Brasil governado por um governo socialista, com características stalinistas. Agindo nas sombras, tenta desbaratar um golpe orquestrado pelo governo brasileiro e uma potência estrangeira. Cenas de ação do herói muito bem narradas, bem como o retrato o clima de opressão de um regime stalinista.
Grande G – Tibor Morritz
Tibor compõe quase uma fábula, uma luta entre duas cidades, Steamcity, atrasada e vivendo na era do vapor, e Smokecity, que vive na era do Diesel e mantém dominância sobre Steamcity. Eu disse quase, por que em uma fábula há dois lados, o do bem e o do mal, porém neste conto não há um lado que se torna simpático aos nossos olhos, bem como os personagens principais envolvidos numa trama familiar, o Grande G e sua neta.
O Dia que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuça excomungado – Octavio Aragão
O título lembra literatura de cordel. O conto narra com elementos retrofuturistas um possível encontro entre Luiz Carlos Prestes e Virgulino Ferreira, o Lampião. Há interesses de gente que manipula este encontro, fornecendo armas para um ou outro lado, colocando-os numa situação-limite de destruição mútua.
Impávido Colosso – Hugo Vera
Brasil e Argentina estão em confronto. A esperança dos brasileiros está no uso de robôs gigantes. Boa trama de espionagem e de batalhas entre robôs.
O país da aviação – Gerson Lodi-Ribeiro
De forma episódica, às vezes parecendo um relatório, outras um compêndio de história, o conto narra o desenvolvimento da aviação ao longo de aproximadamente 150 anos. O texto apresenta algumas boas ideias, prejudicadas pela forma de narrar, que torna a leitura enfadonha.
Ao perdedor, às baratas – Antonio Luiz M. C. Costa
O título inverte o mote de Quincas Borba, substituindo batata por baratas. Um assassino falha em sua missão por ter um pavor mórbido por baratas. Em sua fuga pensa ter visto uma barata gigante. O conto trabalha com o conceito de monstruosidade, que está nos olhos de quem vê. Emocionante.
Auto do extermínio – Cirilo S. Lemos
Na minha opinião, o melhor conto da coletânea. Um assassino que recebe orientações de uma Santa invisível, deve matar uma pessoa para anarquizar o processo eleitoral brasileiro, uma disputa entre comunistas, integralistas e uma tentativa de derrubar o poder monárquico. O texto mistura fantasia, terror e história alternativa.
Spoiler: a Santa chama o protagonista de “homem-sonho”, pois aquela realidade é apenas um sonho de Santo Antão, que será desfeita assim que ele acordar.
Cobra de Fogo – Sid Castro
Num século XX alternativo, onde a Guerra Mundial aconteceu entre de 1919 a 1929 com o uso de armas nucleares por ambos os lados, a Liga das Nações determinou que toda forma de guerra, atômica ou convencional estaria proibida.
Para resolver os conflitos internacionais, a Liga das Nações determinou que as disputas fossem resolvidas por uma corrida de superlocomotivas pelos quatro cantos do mundo.
Há várias referências a filmes, começando pela Corrida Maluca e passando por Casablanca e Stalker. Personagens reais se misturam a personagens fictícios, compondo um enredo bem divertido.
Só a Morte te Resgata – Jorge Candeias
Há uma guerra entre os Lusitanos, império formado por Portugal e nações Africanas e os Aliados, um grupo de nações europeias brancas e racistas. Um piloto dos aliados sobrevive a um ride aéreo. Ele recebera pouco antes uma carta de sua família e isso o ajuda a manter vivo e suportar a trajetória através dos países inimigos. Utilizando-se de vários disfarces vai convivendo com elementos de várias etnias, sendo confrontado internamente com seu preconceito de raça e de gênero.
Este conto difere fundamentalmente do restante da coletânea por se fixar no lado humano do personagem, deixando os conflitos políticos como pano de fundo.
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Dieselpunk – Arquivos Confidenciais de uma bela época. Gerson Lodi-Ribeiro (organizador). Editora Draco. Livraria Cultura.
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