domingo, 13 de maio de 2012

A Máquina Diferencial


Título Original (inglês): The Difference Engine
Autores: William Gibson, Bruce Sterling
Tradução:  Ludmila Hashimoto
Editora:  Aleph
Ano:  2012
454 páginas

Sinopse: Corre ano de 1855. A Inglaterra, graças ao desenvolvimento da máquina a vapor tem um progresso estupendo, culminando com a construção de um grande computador mecânico, inventado por Charles Babbage. Também vive as consequências deste progresso: a revoltada dos trabalhadores e de parte da classe média contra as máquinas (os chamados luditas).

Neste cenário, a dupla de escritores desenvolve uma trama que tem como fulcro Ada Byron, Lady Lovelace, filha de Lord Byron (no romance, o primeiro ministro) e suas duas paixões, a matemática e o jogo.

A maneira como trama é construída tem relação com a construção de um algoritmo computacional. A relação é tão forte que os autores chamam cada capítulo de iteração (cada vez que um loop de um algoritmo é executado). Se o algoritmo é convergente o resultado das iterações tende a um valor finito, ou no caso do romance, o quebra cabeça de encaixa. Se não, ocorre overflow. E, de maneira brilhante, a solução de toda a trama tem uma relação bem forte com este conceito.


Ada Byron, Lady Lovalace

Assim, cada personagem, cada objeto tem um papel determinado para que o resultado “feche”. Personagens entram e saem de cena e reaparecem quando contribuem de alguma forma para o resultado esperado, como se fossem as variáveis do programa em execução. Spock diria: “é fascinante!”.


A Máquina Diferencial

Outra coisa fascinante é a contextualização histórica e o rumo alternativo que ela toma coma presença da Máquina e outras dela derivadas e do vapor como uma constante (os gurneys, espécie de carros movidos a vapor, são onipresentes em Londres). Há rivalidades com os franceses que também desenvolveram uma máquina similar e japoneses que desenvolvem autômatos: bonecas de bambu, movidas a corda, que insistem em se aculturarem em favor do ocidente, em busca do progresso.



Gurney - espécie de automóvel movido a vapor

Também merece nota a presença de personalidades históricas, como próprio Lord Byron, com seu contexto político ampliado (chega a primeiro ministro), Disraeli, o biólogo evolucionista Huxley e personagens tomados da ficção da época, ao lado de caracteres desenhados pela dupla de autores. Há também referencias às teorias científicas da época, sobretudo a polêmica catastrofismo versus uniformitarismo nas ciência biológicas, no momento em que se organizava o estudo da paleontologia, guiados  pelo darwinismo e sua influencia no pensamento político, sobretudo no marxismo e no anarquismo.

Embora estas referências sejam importantes para uma completa apreciação do romance, não são necessárias para quem está interessado apenas na trama e na sua resolução. Momentos de ação e suspense garantem uma leitura bem prazerosa.

Os editores facilitam um pouco colocando um glossário e uma lista de personagens importantes, ajudando a quem quer se aprofundar mais no contexto do romance.

Para os fãs de steampunk esta é uma obra muito importante, pois se não deu origem ao gênero, ela deu-lhe forma e impulso.

Imperdível.

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