A Face Oculta da Galáxia
Autor: Miguel Carqueija
E-book
disponibilizado na página da Casa da
Cultura
ano: 2006
88 páginas
Sinopse: Joana Pimentel é uma mercenária, de codinome Vésper, que costumeiramente trabalha para a Cosmopol. Ela está afastada desde
que seu marido morrera numa missão, mas agora é requisitada para ajudar a
recuperar um artefato roubado. Na realidade este objeto não é comum pois se não
for devolvido no local de onde foi removido a realidade espaço-tempo pode sobre
severas alterações.
Miguel Carqueija é um escritor bastante presente na
literatura de Ficção Científica Brasileira e pode ser caracterizado por alguns atributos: Gosta
de criar heroínas, mulheres com carater forte (como é o caso de Vésper),
escreve bem cenas de batalhas, coloca suas crenças religiosas à mostra
(cristianismo católico) sempre que possível, às vezes usa termos pouco usuais e
costuma usar o humor em algumas cenas.
Tudo isto está presente em a Face Oculta da Galáxia. Vésper
é uma heroína bem construída e o enredo esta centrado em recuperar um objeto de
origem “divina”. A equipe é formada por Beng (o lider) , Rotterdam, Tenesse e
Valentina. Esta última é uma assassina com uma missão específica de matar uma
determinada pessoa. Durante a missão, a moça revela-se mais um problema do que
uma solução.
No caminho, mais pessoas se juntam à missão, com destaque para
Gaspar, “inimigo íntimo” de Beng (eles tem uma rusga pessoal que dura décadas) e sua neta Lícia,
uma menina de dez anos muito esperta e determinada (um eufemismo para
“teimosa”), que acaba roubando a cena. Com esta personagem, Carqueija libera
seu lado humorista, transformando a menina em peça chave para colocar e retirar
o grupo de enrascadas.
As três personagens femininas principais (Vésper, Valentina
e Lícia) são um dos pontos fortes do enredo. Outro ponto é o conflito intimo de
Vésper, que viola valores pessoais para poder ser uma mercenária. Este
conflito, mesmo sendo centrado na questão religiosa, transcende este ponto por
ser algo universal. Todos nós temos um conjunto de crenças que norteiam nossas
ações e se temos que violá-las por qualquer motivo o recurso mais utilizado é
negar todo o conjunto (típico conflito “entre a cruz e a espada”).
Pontos fracos:
- Valentina é uma lésbica extremamente estereotipada, o que acaba tirando um pouco da força da personagem.
- O objeto é apresentado a Vésper, como de origem “divina” e isto não é questionado por ela nem por Beng, que lhe trás a informação. Este seria um bom modo de demonstrar o conflito de Vésper.
- O conflito se traduz apenas pela supressão da prática religiosa, mas não da crença. Negar totalmente a crença e depois recuperá-la aumentaria a dramaticidade.
- Não há qualquer explicação de como se sabe que o artefato é divino.
Estes pontos todavia não tiram o brilho do texto, pois o
principal mérito dele é que é principalmente divertido.
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