quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Breve Romance do Sonho

Breve Romance do Sonho
Autor: Arthur Schnitzler
Título original alemão: Traumnovelle
Tradução: Sérgio Tellaroli
Editora: Folha de São Paulo
Ano: 2003
96 páginas.


Sinopse: Fridolin é um médico bem sucedido, casado com uma linda mulher, Albertine, pai de uma adorável menina. Tudo indica a perfeição de um lar classe média da Viena do início do século XX. Essa perfeição contudo é perturbada quando Albertine conta a seu marido uma fantasia sexual onde ela flerta com outro homem. Fridolin é chamado às pressas para atender um morimbundo e no caminho, uma série de incidentes o leva a uma aventura onde o sexo e a morte estão perigosamente presentes e unidos.


O livro serviu de base ao filme póstumo de Kubrick: De olhos bem fechados, que transpõe a narração para os dias de hoje, mas mantém o clima onírico do romance.



Schnitzler, contemporâneo de Freud, conduz a narrativa de forma e reforçar o caráter onírico tanto das fantasias e sonhos de Albertine como a realidade vivida por Fridolin. O centro da narrativa está no médico que se tortura o tempo todo pelo ciúme do amante imaginário da esposa em busca de uma pseudo-vingança envolvendo-se numa aventura inicialmente apenas misteriosa, mas que se revela perigosa.

A sensação que se tem é de irrealidade. Mascaras de carnaval, um culto hedonista que sacraliza o sexo, uma orgia com mulheres nuas, mas com o rosto envolto em véus e um músico que toca com os olhos vendados e advertência “fuja enquanto é tempo”, que tem o efeito de seduzir mais do que afastar.



O que está em jogo são os valores e sentimentos impostos socialmente, questionados pelo médico que tem uma vida bem sucedida, dentro dos padrões pequeno burgueses, mas que desmorona diante de uma simples fantasia sexual. Não há ligação necessária entre nossos desejos e o que acreditamos poder ou não fazer, entre amor e sexo, entre casamento e felicidade e entre o que se declara certo e o que se faz efetivamente.

Ao ler o romance temos a clara sensação de que uma vez que tudo termine, da forma que for, Fridolin e Albertine jamais serão os mesmos.

Um comentário:

  1. Todas essas estórias atuais são prognóstico daquilo que no homem está se transformando.
    Os personagens nunca mais serão os mesmos, nem nós, humanos. Estamos indo para onde?
    Sonia

    ResponderExcluir