sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

As armas de brinquedo e os ladrões de verdade

Clint Estwood foto promocional


Dia 12 de Janeiro foi publicada a Lei15301/2014 do Estado de São Paulo proibindo a fabricação e vendas de armas de brinquedo no Estado de São Paulo.

Isso me remeteu a minha infância quando havia uma campanha pelo desarmamento infantil (que foi ressuscitada recentemente) e meu pai decidiu não mais comprar armas de brinquedo para mim. Porém as brincadeiras de rua eram todas baseadas em tiros, exércitos e similares. A solução foi eu fabricar minhas próprias armas pra poder participar, construindo-as com monte-pinos, um brinquedo da época com pinos que podiam ser encaixados uns nos outros. Cheguei a fazer um revolver com tambor.

O curioso é que meu pai tinha uma arma em casa, uma pistola 45. A arma nunca chegou a ser usada e eu cresci me tornando pacifista.

O que esperam os legisladores? Evitar que as crianças se tornem bandidos do futuro (como o slogan da campanha de desarmamento infantil da minha infância “Hoje mocinho, amanhã bandido”)?

Parte das brincadeiras de criança produzem o que se chama de catarse, uma liberação de tensões a partir do drama que se desenrola na brincadeira. Na vida real as crianças não são nem policiais nem bandidos, mas fingem ser. Aliás o difícil na brincadeira é encontrar vilões, por que todos querem ser heróis. Normalmente isso é resolvido por um rodízio ou por um sorteio, ou se luta contra vilões imaginários. Após a brincadeira todos vão pra casa mais leves, pois as frustrações foram descarregadas pelos tiros imaginários contra os vilões imaginários. O professor que me deu uma nota baixa não precisara morrer de verdade, pois ele se transformara no comandante das tropas inimigas, vergonhosamente derrotadas.

Ao impedir a catarse, os nossos governantes podem estar atingindo o efeito oposto. É como suprimir o pino da panela de pressão. Uma metáfora interessante é o do filme Gremlin. O bonzinho carregava dentro de si todas as distorções sociais.

Aliás estão perto de ver algo acontecer ao reprimirem com violência os “rolezinhos” das pessoas “diferenciadas”.

4 comentários:

  1. Brinquei muito de polícia e bandido na minha infância e hoje aos 40 anos nunca senti a necessidade de portar uma arma de fogo. As crianças de hoje são criadas em bolhas e a violência é tremendamente maior que na minha época. Excelente texto.

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  2. Muito bom o post amei vou sempre visitar seu blog !!

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