terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Pele em que Habito


A Pele em que Habito
Título Original: La Piel que Habito 
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar, baseado em livro de Thierry Jonquet
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet.
Duração: 117 min
Ano de Lançamento: 2011 (Espanha)
País de Produção: Espanha

Sinopse: Um médico, Richard Ledgard (Antonio Banderas),  traumatizado pela morte da esposa queimada num incêndio, mantém em cárcere privado uma paciente em que pouco a pouco busca transformar sua aparência na da esposa. Para isso usa técnicas cirúrgicas e de construção de pele não éticas. Quem é esta paciente e por que esta lá?

Contém um pequeno spoiler:

Uma das razões que me levou a resenhar este filme e do uso de elementos da ficção científica por alguém consagrado que não é do ramo.  A sinopse, ao lê-la pela primeira vez, me deu a impressão de ser uma mistura de Frankstein com Pigmaleão. De fato, encontram-se elementos das duas fábulas: um médico obcecado por um sonho que se apaixona por sua criação.

A ficção científica entra apenas como um dos elementos da narrativa e que poderia estar ausente, sem prejuízo da trama.  E, mesmo assim,  colocada de maneira muito canhestra. O primeiro elemento de FC colocada na trama é a data: os fatos ocorrem em 2012. Tem sentido situar uma narrativa tão próxima? Será que ele tencionava dizer que acontece no filme poderia estar acontecendo logo? Totalmente dispensável.

O segundo elemento de FC está na pele sintética à prova de fogo que ele coloca na paciente, feita partir de mutações transgênicas, uma combinação de células humanas e de porco . É insinuado também que é à prova de cortes, o que impediria a paciente de cometer suicídio cortando o pescoço ou os pulsos, totalmente plausível, já que é uma prisioneira e sujeita a experiências macabras.

Todavia após o teatro (extremamente caricato) da feitura e colocação da pele na paciente, o fato da pele dela ser ou não à prova de fogo não ganha relevância, o que definitivamente afasta a obra de ser ficção científica.

Banderas é um cientista muito caricato.

Atenção: Um grande spoiler!

Uma outra razão que me levou a resenhar A Pele em que Habito é que Almodovar trata do problema da identidade, tanto pessoal como sexual (ouço alguém dizendo “como sempre”) e isso ele fez com maestria.

Vicente, sob efeito de drogas, estupra a filha do médico, que acaba se suicidando. O rapaz torna-se vítima  de uma vingança arquitetada pelo personagem interpretado por Antonio Banderas:  a identidade de Vicente é destruída e transformada em Vera. Da vingança, Richard Ledgard passa a obsessão em reconstruir a esposa e da obsessão ao desejo pelo objeto criado.  Isso mesmo, objeto. Ledgard ama a pele que construiu.

Mas Vicente, ainda que externamente seja Vera, continua sendo Vicente. O que justifica muito bem o título: para Vicente, Vera é apenas a pele em que habita, não sua identidade.

Neste contexto, a pele sintética se justifica, visto que, se ela não é sensível à dor, também não é sensível às carícias, isolando Vicente/Vera do mundo. Porém acredito que poucos expectadores perceberam isso.

Vale destaque para o irmão de Richard, que aparece fantasiado de tigre. Ele está fugindo da polícia aproveitando-se de um baile de carnaval. Ele é o responsável indireto pela morte da esposa de Richard e será o catalisador do desfecho da trama.



Um bom filme.


Nenhum comentário:

Postar um comentário