Autor: Tibor Moricz
Editora: Draco
Ano: 2011
196 páginas
Sinopse: Um homem acorda numa caverna desmemoriado, com cabelos e unhas muito grandes, praticamente nu, com apenas uma arma. Decidido a descobrir quem era, sai da caverna. No seu caminho, em busca de um lugar para se abrigar, mata um homem, rouba seu cavalo e suas roupas e encontra uma cidade chamada de Downton. Nesta cidade, por suas atitudes destemidas, é confundido com um messias há muito esperado: o Peregrino.
Pela ambientação inicial sabemos que estamos no Oeste americano e percebemos de cara alguns elemento do gênero Western. Um pistoleiro solitário chega a uma cidadezinha. É recebido com indiferença ou desprezo, mas logo se tornará o pivô da libertação ou vingança que esta cidade precisa.
Estaríamos diante de um enredo padrão? Logo percebemos que não. O pistoleiro não erra tiro e sua pistola não descarrega nunca. Isso seria clichê dos werstern, mas logo somos confrontados com a possibilidade da arma ser extraordinária, pois o pistoleiro percebe que a arma realmente não se descarrega ou se carrega sozinha. Algumas das vítimas são meio máquinas revelando além de sangue, óleo e engrenagens, ao serem atingidas. Um romance steampunk?
Ainda não acertamos o gênero. Um dos lugares por onde passa chama-se A Garganta do Enlouquecido, um lugar onde por mais que você caminhe, por qualquer caminho que escolha, volta sempre ao mesmo ponto.
A partir daí podemos esperar qualquer coisa. A busca do Peregrino caminha de braços dados com o absurdo, num clima bastante surreal, lembrando O Terceiro Tira.
Essa mistura de gêneros é o que se convencionou chamar de New Weird, cuja proposta é realmente romper com os limites claustrofóbicos entre os gêneros Ficção Científica, Horror e Fantasia e outros, como western, erótico e policial. A busca é apresentar algo novo a partir justamente desta mistura de gêneros.
Todavia o gênero dominante em O Peregrino é o werstern, com duelos, xerifes bem ou mal intencionados, jogos de cartas, saloons e tiroteios.
O clima lembra os filmes de Sérgio Leone: solar, lento e causticante, mas que, de repente, explode em violência, centrado num personagem de quem desconhecemos as reais motivações, mas que é a única esperança de um vilarejo.
O ritmo propositadamente lento, solar e causticante lembra
os filmes de Sérgio Leone
(foto: Clint Eastwood em "Era uma vez no Oeste" - divulgação)
Porém o absurdo vai se insinuando a cada passo do personagem, começando pela ausência de jovens e crianças em Downtown, com exceção de John Doe, um menino de cerca de 12 anos, o único que duvida das intenções do Peregrino.
Os feitos do forasteiro levam a cidade a aderir a ele em busca justamente das crianças e jovens desaparecidos, montando um grupo que o acompanhará em sua jornada para o resgate das crianças, primeiro a Middletown, cidade progressista e gananciosa, depois a Uptown, suspeita de ser a origem da opressão. Nesta busca, as reais motivações do Peregrino pouco a pouco vão sendo mostradas.
O desfecho, embora lentamente preparado ao longo da narrativa, é inesperado para maioria dos leitores, o que dá um sabor maior à leitura.
Que livro legal!!!
ResponderExcluirAdorei a resenha!
Sonia
Oi Alvaro!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas me interessei por ser uma mistura de western, policial e steampunk. Parece ser bom!!
Beijos
Essa resenha me deixou com muita vontade de ler o livro. Parabéns!
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