quinta-feira, 13 de maio de 2010

Fúria de Titãs

Fúria de Titãs

Título original: Clash of Titãs
Elenco: Sam Worthington, Pete Postlethwaite, Mads Mikkelsen, Gemma Arterton, Alexa Davalos, Ralph Fiennes, Liam Neeson.
Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Travis Beacham e Phil Hay
Duração: 106 min
Origem: Inglaterra/EUA

Sinopse: Refilmagem do clássico de mesmo nome de 1981. Perseu, ao ver seus pais adotivos morrerem em consequencia de um ataque de Hades, revolta-se contra os Deuses, porém ignora sua verdadeira origem. Na verdade é filho de Zeus e embarca numa aventura para destruir Kraken, um monstro libertado por Hades para destruir ou Argos ou sua princesa, Andromeda, se ela fosse lhe dada em sacrifício.

O filme é retirado da mitologia grega, explorando o mito de Perseu e sua luta contra a Medusa.

Trailler

 

Já na sinopse se percebe os problemas do filme. Em primeiro lugar, desde quando Kraken é da mitologia grega? Que eu saiba, ele é da mitologia nórdica...

A razão para a escolha é que ele seria mais assustador que o monstro da lenda original, Cetus, um gigantesco peixe (cetus deu origem a palavra “cetáceo”, classe de animais da qual faz parte a baleia).

Outro problema está na escolha de Hades como vilão. Ele foi escolhido, porque simplesmente é o senhor do Inferno, fazendo ele se tornar muito próximo da figura de Satã, o príncipe das trevas da mitologia judaico-cristã. Isto o afasta da versão de 1981 (onde o vilão é Calibus, filho de Cassiopéia) e do mito grego, onde Hades é seu aliado, dando-lhe uma das armas fundamentais para seu sucesso (um capacete que o torna invisível). Aliás, é lamentável também tanto a ausência destas armas como da sua principal aliada, Atenas. O desprezo pela mitologia, como pelo filme orignal, é bem caracterizado quando Perseu na versão de 2010 encontra a coruja metálica (fundamental no filme de 1981) que é simplesmente jogada fora...

Pode-se argumentar que não precisamos ser fiéis ao mito para fazer um bom filme. Concordo. Se o resultado for bom. Neste sentido, um quase-acerto do filme foi trocar a motivação de Perseu – que no mito original e no filme de 1981 faz tudo simplesmente pelo espirito de aventura ou por sua paixão pelas mulheres (sua mãe, Atenas e Andrômeda). Na nova versão ele faz tudo em nome de uma revolta contra os Deuses, de quem os homens estão fartos de serem manipulados (e estão igualmente revoltados, dispostos a lutar contra isso).

Atenção, spoiler!

Por que um quase acerto? Porque Perseu a partir de um certo ponto passa a ser ajudado secretamente por Zeus, e, após ter concluído sua missão, aceita sua origem divina, numa clara tentativa de dar novamente uma conotação cristã à história, tangenciando a história de Perseu à de Cristo, de uma maneira muito artificial.

Outra presença espúria, se bem que bem vinda, pois humaniza um pouco o herói, é Io, uma mortal tornada imortal pelos caprichos dos Deuses, que acompanha o grupo amenizando o cenário agressivo da jornada.

Como aspectos positivos, pode-se destacar a aventura em si e as lutas contra os monstros: Calibus (que na versão samba-do-crioulo-doido de 2010 é Acrisio, o esposo traído da mãe de Perseu), os escorpiões gigantes, a Medusa e o Kraken.

Referências

Ao filme original: a cena de abertura, onde se começa a contar a história pelo céu, o caixão onde Perseu e sua mãe foram jogados no mar, a caracterização da Medusa e a já citada coruja metálica.

À Guerra nas Estrelas: em um determinado momento, Perseu recebe uma espada que lembra muito uma espada de luz. Em outro momento, o grupo encontra seres que são um cruzamento do General Greivous com o Povo da Areia.

2 comentários:

  1. Conheço a versão de 81, Álvaro, de que gosto muito. A coruja metálica, na época, foi um dos efeitos que mais me encantaram. Provavelmente verei essa versão crioulo doido 2010, quando mais não seja, pelos efeitos especiais...rs
    Abraço

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  2. Olha, eu poderia dizer que refilmagens são sempre complicadas, mas eu prefiro achar que, via de regra, elas são mesmo é muito mal feitas. Definitivamente a versão de 81 é superior. Nenhum efeito especial/digital/3D supera uma história bem contada. Cinema hoje não é sétima arte, é entretenimento caça-níquel, infelizmente, ainda que hajam raras excessões.

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